Jornal Médico - Simplificar é tão complicado…

Ser&aacute; que a aplica&ccedil;&atilde;o Alert P1, tornada obrigat&oacute;ria nos centros de sa&uacute;de, era mesmo necess&aacute;ria? No terreno, s&atilde;o muitas as vozes que garantem que n&atilde;o... Que bastaria desenvolver alguns m&oacute;dulos do SAM A interface entre o Sistema de Apoio ao M&eacute;dico (SAM) e a aplica&ccedil;&atilde;o Alert P1, continua &agrave; espera de decis&otilde;es que tardam em ser tomadas, para entrar em cena. A chegada desta interface, que foi testada com sucesso nas Unidades de Sa&uacute;de Familiar Nova Via e F&acirc;nzeres, permitir&aacute; que os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia introduzam toda a informa&ccedil;&atilde;o essencial no m&oacute;dulo de referencia&ccedil;&atilde;o do SAM, a qual &eacute; automaticamente transposta para o Alert P1, sendo apenas necess&aacute;rio que o profissional de sa&uacute;de&hellip; fa&ccedil;a v&aacute;rias confirma&ccedil;&otilde;es&hellip; naquela aplica&ccedil;&atilde;o inform&aacute;tica criada no &acirc;mbito do projecto Consulta a Tempo e Horas. Complexo? &Eacute; a era SIMPLEX, em toda a sua pujan&ccedil;a. Entretanto, em v&aacute;rios pontos da regi&atilde;o norte, cimenta-se a certeza de que todo este trabalho seria verdadeiramente desnecess&aacute;rio, caso se desenvolvessem, a fundo, os m&oacute;dulos de referencia&ccedil;&atilde;o dos sistemas que os m&eacute;dicos adoptaram como seus&hellip; Deixando de lado o Alert&hellip; Durante meses, t&eacute;cnicos da Administra&ccedil;&atilde;o Central do Sistema de Sa&uacute;de (ACSS) e profissionais das unidades de sa&uacute;de familiar (USF) F&acirc;nzeres &ndash; CS de Rio Tinto/S. Pedro da Cova &ndash; e Nova Via &ndash; CS de Arcozelo/Boa Nova &ndash; colaboraram para gerar uma liga&ccedil;&atilde;o optimizada entre SAM e Alert P1. O que se pretendia, em resumo, era que o m&eacute;dico tivesse o m&iacute;nimo de contacto poss&iacute;vel com um sistema (Alert P1) que &eacute;, para todos os efeitos, ainda considerado um elemento desconforme na infra-estrutura de comunica&ccedil;&atilde;o dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP). Depois dos testes (bem sucedidos) ficou-se &agrave; espera que alguns ajustes fossem aprovados. Em particular, a redu&ccedil;&atilde;o do n&uacute;mero de confirma&ccedil;&otilde;es que ainda eram exigidas no Alert P1, para validar o pedido de consulta. Ou seja, ao inv&eacute;s das seis ou sete confirma&ccedil;&otilde;es que o m&eacute;dico tinha sucessivamente de inserir, sugeria-se que todo o processo fosse limitado a uma s&oacute; confirma&ccedil;&atilde;o de campos preenchidos Tal vontade ficou dependente de uma negocia&ccedil;&atilde;o (que ainda decorrer&aacute;) entre a ACSS &ndash; a entidade respons&aacute;vel pelo SAM &ndash; e a empresa Alert Life Sciences Computing, titular dos direitos do Alert P1. Uma negocia&ccedil;&atilde;o que dura h&aacute; v&aacute;rias semanas e para a qual n&atilde;o se vislumbra um desfecho. Note-se que todos estes desenvolvimentos resultam do facto dos profissionais dos CS terem sido obrigados a conviver com mais uma aplica&ccedil;&atilde;o inform&aacute;tica, o Alert P1, que os obriga a introduzir manualmente os dados administrativos e cl&iacute;nicos do utente no pedido de consulta. Caso fosse poss&iacute;vel referenciar por interm&eacute;dio do SAM (assim como do MedicineOne ou do VitaCare), nenhum destes dilemas se colocaria, j&aacute; que a informa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica e administrativa que deve acompanhar o pedido de consulta j&aacute; est&aacute; presente nos sistemas de informa&ccedil;&atilde;o que servem a unidade. Desenvolvimento do SAM manietado pelo Alert P1 Pedro Moura Relvas &eacute; coordenador da USF Nova Via, onde foi experimentada a interface entre os dois sistemas. Segundo o membro da equipa nacional da Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios, os avan&ccedil;os conseguidos com a interface testada s&atilde;o j&aacute; substanciais: &ldquo;j&aacute; &eacute; poss&iacute;vel preparar a referencia&ccedil;&atilde;o no SAM, que depois acciona automaticamente o Alert P1, no qual deixa de ser necess&aacute;rio inserir dados. A informa&ccedil;&atilde;o aparece transcrita nos campos do Alert, sem ser exigida interven&ccedil;&atilde;o ao m&eacute;dico, excepto ao n&iacute;vel da valida&ccedil;&atilde;o. Contudo, na vers&atilde;o que test&aacute;mos ainda &eacute; necess&aacute;rio percorrer v&aacute;rios ecr&atilde;s do Alert, para efectuar confirma&ccedil;&otilde;es. Estamos, precisamente, a tentar que nos seja dada a possibilidade de ultrapassar este &uacute;ltimo obst&aacute;culo&rdquo;. Todas estas melhorias resultam, portanto, do desenvolvimento do m&oacute;dulo de referencia&ccedil;&atilde;o do SAM, que por causa da entrada em cena do Alert P1 ficou reduzido ao papel de mediador, ou facilitador interno. &ldquo;Este m&oacute;dulo de referencia&ccedil;&atilde;o do SAM, que est&aacute; ao servi&ccedil;o do Alert P1, &eacute; ele pr&oacute;prio, o espelho de uma pol&iacute;tica de contradi&ccedil;&otilde;es ao n&iacute;vel dos sistemas de informa&ccedil;&atilde;o&rdquo;, refor&ccedil;a Miguel Melo, m&eacute;dico da USF F&acirc;nzeres que participou tamb&eacute;m na cria&ccedil;&atilde;o da interface. No entender deste m&eacute;dico de fam&iacute;lia, &eacute; evidente que &ldquo;o aparecimento do Alert P1 acabou por contribuir, em grande medida, para que o desenvolvimento do m&oacute;dulo de referencia&ccedil;&atilde;o do SAM ficasse parado, ou pelo menos limitado no seu alcance&rdquo;. Pedro Moura Relvas deseja, acima de tudo, que se avance com a solu&ccedil;&atilde;o menos m&aacute;, o que significa instalar o novo m&oacute;dulo de referencia&ccedil;&atilde;o do SAM (que &eacute; hoje, na realidade, mais um m&oacute;dulo de migra&ccedil;&atilde;o de dados do que outra coisa) no computador de todos os utilizadores, permitindo que a presen&ccedil;a do Alert P1 se torne quase invis&iacute;vel: &ldquo;depois de haver uma decis&atilde;o, o m&oacute;dulo pode ser instalado em todos os CS numa quest&atilde;o de horas. O que &eacute; importante &eacute; que se chegue a um consenso sobre a vers&atilde;o final, para que n&atilde;o se fa&ccedil;am v&aacute;rias actualiza&ccedil;&otilde;es&rdquo;. Prev&ecirc;-se tamb&eacute;m que, em breve, as aplica&ccedil;&otilde;es MedicineOne e VitaCare tenham de passar pelo mesmo processo, no sentido de facilitar a transfer&ecirc;ncia de dados para o Alert P1. Espera obriga a resgatar papel Na &oacute;ptica de Miguel Melo, todo o esfor&ccedil;o que ele e os seus colegas da USF F&acirc;nzeres investiram na interface entre SAM e Alert P1 ser&aacute; bastante &uacute;til, para evitar a duplica&ccedil;&atilde;o de tarefas. E ir&aacute; p&ocirc;r fim a uma irracionalidade: &ldquo;&eacute; um contra-senso ter de trabalhar com v&aacute;rios sistemas em paralelo. Assim, tent&aacute;mos minimizar a perturba&ccedil;&atilde;o que o Alert P1 vem trazer ao nosso funcionamento di&aacute;rio, sem nunca esquecer que esta foi uma linguagem de articula&ccedil;&atilde;o que nos impuseram&rdquo;. Por&eacute;m, os frutos deste trabalho nem sequer est&atilde;o dispon&iacute;veis para os pioneiros que ensaiaram a interface, j&aacute; que depois da fase de testes, tudo voltou &agrave; rotina habitual, &agrave; espera que a ACSS e os respons&aacute;veis do Alert P1 alcancem um acordo definitivo. Tal significa que na USF F&acirc;nzeres, onde a utiliza&ccedil;&atilde;o n&atilde;o mediada do Alert P1 sempre foi recusada pelos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, as referencia&ccedil;&otilde;es para o Hospital de S&atilde;o Jo&atilde;o continuam hoje a seguir por fax, atrav&eacute;s do P1 em vers&atilde;o de papel, com dados cl&iacute;nicos preenchidos &agrave; m&atilde;o. &ldquo;As liga&ccedil;&otilde;es pelo Alert P1 n&atilde;o eram as melhores e tornavam a referencia&ccedil;&atilde;o morosa. Por isso, decidimos apenas utiliz&aacute;-lo quando a integra&ccedil;&atilde;o estivesse completa&rdquo;, explica Miguel Melo. Referenciar, sem Alert P1? De notar que em alguns locais da regi&atilde;o norte, em particular na Unidade Local de Sa&uacute;de (ULS) de Matosinhos e mais recentemente no distrito de Viana do Castelo, j&aacute; &eacute; poss&iacute;vel aos m&eacute;dicos dos centros de sa&uacute;de acederem a dados do processo cl&iacute;nico hospitalar. Tal deriva do facto dos sistemas utilizados em ambos os p&oacute;los de comunica&ccedil;&atilde;o terem sido desenvolvidos no mesmo meio (antigo IGIF, actual ACSS), possuindo arquitecturas similares. Isto &eacute;, em regi&otilde;es onde os hospitais contam com o SONHO e com o SAM hospitalar, e os centros de sa&uacute;de possuem o SAM, &eacute; f&aacute;cil a consulta de dados sobre o doente que passa pelo hospital (motivos para epis&oacute;dio de urg&ecirc;ncia, exames, etc.). Igualmente f&aacute;cil e &aacute;gil seria efectuar a referencia&ccedil;&atilde;o entre os n&iacute;veis de cuidados atrav&eacute;s desta liga&ccedil;&atilde;o e contar com boa informa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica de retorno, mas a&iacute; o Alert P1 acabou por se impor, gerando a confus&atilde;o que se tornou p&uacute;blica nos &uacute;ltimos meses. Tamb&eacute;m a interoperacionalidade entre as outras aplica&ccedil;&otilde;es dos CSP (MedicineOne e VitaCare) e os sistemas hospitalares seria facilmente atingida, do ponto de vista t&eacute;cnico, o que permitiria criar canais de referencia&ccedil;&atilde;o directos. Desta forma, garantia-se aos m&eacute;dicos dos dois lados (hospitais e CS) o benef&iacute;cio de trabalhar apenas no seu ambiente inform&aacute;tico natural. N&atilde;o &eacute;, portanto, necess&aacute;rio, um grande salto dedutivo para perceber que o Alert P1 (enquanto ferramenta t&eacute;cnica), n&atilde;o &eacute; de grande utilidade, mesmo que o projecto que ajuda a implementar se baseie em conceitos muito importantes (referenciar por via digital, em busca de rapidez, simplifica&ccedil;&atilde;o e informa&ccedil;&atilde;o coerente). &ldquo;Nos locais onde j&aacute; est&atilde;o instalados sistemas como o SAM e o SONHO, em boa verdade o Alert P1 nem seria necess&aacute;rio, porque a referencia&ccedil;&atilde;o poderia ser feita de uma forma mais directa. Trata-se, hoje, de uma aplica&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o tem raz&atilde;o de existir. Serviu o seu prop&oacute;sito de simplifica&ccedil;&atilde;o, num primeiro momento, mas n&atilde;o pode ser entendida como a solu&ccedil;&atilde;o ideal para o futuro&rdquo;, frisa Pedro Moura Relvas. Tamb&eacute;m para Miguel Melo, a referencia&ccedil;&atilde;o directa entre os sistemas de informa&ccedil;&atilde;o instalados em CS e hospitais, sem passar pelo Alert P1, ser&aacute; mais vantajosa, em termos de rapidez e de qualidade dos dados dispon&iacute;veis: &ldquo;o Alert P1 n&atilde;o nasce de uma necessidade sentida pelos profissionais no terreno, n&atilde;o surge de baixo para cima, mas sim para preencher uma lacuna que alguns detectaram (a falta de desenvolvimento atempado dos m&oacute;dulos de referencia&ccedil;&atilde;o). Mas como chega com uma linguagem diferente, pouco amig&aacute;vel, rapidamente se tornou um corpo estranho&rdquo;. Na opini&atilde;o do m&eacute;dico da USF F&acirc;nzeres, &ldquo;seria muito mais f&aacute;cil uma utiliza&ccedil;&atilde;o universal do SAM para ter acesso ao processo cl&iacute;nico hospitalar do utente e, nesse enquadramento, ser poss&iacute;vel ao m&eacute;dico de fam&iacute;lia aceder igualmente &agrave; marca&ccedil;&atilde;o de consultas. Este seria o caminho ideal&rdquo;.

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