Jornal Médico - Curso EURACT para Professores e Orientadores de MGF

Na vida h&aacute; coisas assim, situa&ccedil;&otilde;es e momentos que nos transcendem e marcam em definitivo, que ultrapassam em muito as melhores expectativas e nos surpreendem pelo inesperado grau de enriquecimento humano e profissional que induzem Na vida h&aacute; coisas assim, situa&ccedil;&otilde;es e momentos que nos transcendem e marcam em definitivo, que ultrapassam em muito as melhores expectativas e nos surpreendem pelo inesperado grau de enriquecimento humano e profissional que induzem. Foi o caso do curso a que nos referimos no t&iacute;tulo desta cr&oacute;nica. Tendo decorrido em Cantanhede, nas apraz&iacute;veis instala&ccedil;&otilde;es do Marialva Park Hotel, saldou-se por um extraordin&aacute;rio &ecirc;xito reconhecido por todos, formandos e formadores, que de forma espont&acirc;nea assim o reconheceram em plen&aacute;rio final, sublinhado, aqui e ali, por vibrantes emo&ccedil;&otilde;es coloridas de l&aacute;grimas e vozes embargadas, para al&eacute;m do registo escrito que a avalia&ccedil;&atilde;o permanente foi testemunhando. Para quem n&atilde;o sabe do que falo, aqui vai uma explica&ccedil;&atilde;o do que se tratou&hellip; O Curso EURACT para Professores e Orientadores de Medicina Geral e Familiar (MGF) tem como objectivo final o incremento da qualidade do ensino da MGF nos pa&iacute;ses europeus. Foi desenhado e desenvolvido em conjunto pelo EURACT (European Academy for Teachers in General Pratice) e pelo projecto Leonardo da Vinci Towards development of the European Network of Postgraduate and Continuing Education for Family Physicians. As edi&ccedil;&otilde;es iniciais, no formato original e em ingl&ecirc;s, tiveram j&aacute; lugar em v&aacute;rios pa&iacute;ses europeus, entre os quais Portugal (Monchique, Maio de 2006). Dirigidas a equipas de formandos dos pa&iacute;ses anfitri&otilde;es e lim&iacute;trofes, tinham igualmente como objectivo desencadear uma din&acirc;mica em cascata de modo a que os formandos se constitu&iacute;ssem como formadores e reproduzissem o curso nos respectivos pa&iacute;ses com as necess&aacute;rias adapta&ccedil;&otilde;es. Respeitando ao m&aacute;ximo a estrutura, os conte&uacute;dos e a metodologia originais, os formandos dos cursos nacionais constitu&iacute;ram-se como formadores, replicando o curso a n&iacute;vel regional - e posteriormente local - tendo em vista chegar ao maior n&uacute;mero de profissionais envolvidos no ensino e orienta&ccedil;&atilde;o de MGF em todos os pa&iacute;ses. Deste modo e no que respeita ao nosso pa&iacute;s, ap&oacute;s o curso inicial em Monchique foram realizados mais dois cursos em 2007: no Sul (novamente em Monchique) e no Centro/Norte (no Porto), sendo o curso de Cantanhede o primeiro de &ldquo;3&ordf; gera&ccedil;&atilde;o&rdquo; de 2008, abrangendo a regi&atilde;o Centro/Norte. O Curso de Cantanhede contou com a colabora&ccedil;&atilde;o do Col&eacute;gio de MGF da Ordem dos M&eacute;dicos (OM) e da Delega&ccedil;&atilde;o de Coimbra da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG), sendo uma realiza&ccedil;&atilde;o conjunta do EURACT e da ADSO (Associa&ccedil;&atilde;o de Docentes e Orientadores de Medicina Geral e Familiar). Uma equipa de seis formadores (ex-formandos de cursos anteriores), que voluntariamente aceitaram o desafio, preparou o curso com a necess&aacute;ria anteced&ecirc;ncia (alguns meses) utilizando, essencialmente, recursos inform&aacute;ticos para comunica&ccedil;&atilde;o entre os seus membros e troca de ficheiros com material pedag&oacute;gico. Reuni&otilde;es presenciais apenas houve (pasme-se!) duas, e mesmo assim o milagre aconteceu: no dia 14 de Maio tudo, mas rigorosamente tudo (recursos materiais, humanos e log&iacute;stica), estava devidamente acautelado para o curso arrancar &agrave;s 18 horas em ponto. O que quer dizer que n&atilde;o h&aacute; milagres, mas que tudo se consegue com motiva&ccedil;&atilde;o, rigor e trabalho. Cabe aqui uma palavra de apre&ccedil;o e reconhecimento a dois elementos da organiza&ccedil;&atilde;o e formadores que se destacaram pelo empenho e dedica&ccedil;&atilde;o que demonstraram: o Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es e a Denise Alexandra, verdadeiros l&iacute;deres e oper&aacute;rios desta realiza&ccedil;&atilde;o. A equipa organizadora deste Curso de Cantanhede &eacute; constitu&iacute;da por: Ant&oacute;nio Jos&eacute; Lemos, m&eacute;dico de fam&iacute;lia (MF), coordenador da USF Gr&atilde;o Vasco (Viseu) e orientador do Internato de MGF; Denise Alexandra, MF na USF Santiago (Leiria), membro do EURACT e orientadora do Internato de MGF; Jos&eacute; Augusto Sim&otilde;es, MF da USF Marqu&ecirc;s de Marialva (Cantanhede), presidente da direc&ccedil;&atilde;o da ADSO, membro do EURACT, orientador do Internato de MGF, mestre em Bio&eacute;tica e docente na Escola Superior de Sa&uacute;de da Universidade de Aveiro; Lurdes Sousa, MF do CS Albergaria-a-Velha e membro do EURACT; Maria de Jesus Clara, MF do CS Guarda, orientadora do Internato de MGF e docente da Faculdade de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de (FCS) da Universidade da Beira Interior (UBI); e eu pr&oacute;prio [Vasco Queiroz], MF do CS Guarda, membro fundador da ADSO, membro do EURACT e docente da FCS da UBI. Sendo 21 o n&uacute;mero ideal de formandos neste Curso &ndash; e atendendo ao interesse demonstrado pelas solicita&ccedil;&otilde;es de inscri&ccedil;&atilde;o &ndash; resolveu-se ampliar este n&uacute;mero para 27, sendo que, na pr&aacute;tica, apenas 26 formandos o frequentaram devido &agrave; inexplic&aacute;vel falta de um elemento &agrave; &uacute;ltima hora. Mas afinal que esp&eacute;cie de Curso &eacute; este? Perguntar&atilde;o, porventura, os mais curiosos que chegaram at&eacute; aqui&hellip; Pois bem, trata-se de um Curso ministrado sob a forma de confer&ecirc;ncias, versando os actuais conhecimentos e o &ldquo;estado da arte&rdquo; em campos espec&iacute;ficos da educa&ccedil;&atilde;o de adultos adaptada &agrave; realidade do ensino/aprendizagem da MGF, a cargo da equipa de formadores, mas principalmente constitu&iacute;do por uma s&eacute;rie de exerc&iacute;cios e trabalhos de grupo indutores de (auto e inter) reflex&atilde;o e partilha de experi&ecirc;ncias, tendo por base os conte&uacute;dos transmitidos nas confer&ecirc;ncias com posterior explicita&ccedil;&atilde;o e debate em plen&aacute;rio. Esta metodologia implica uma extraordin&aacute;ria din&acirc;mica de interactividade entre formadores e formandos, apenas poss&iacute;vel quando est&atilde;o envolvidas pessoas altamente motivadas num contexto organizacional rigoroso, mas flu&iacute;do, exigente, mas informal e leve e, sobretudo, com muita disponibilidade afectiva. Sendo o objectivo geral do Curso, como j&aacute; foi dito, o incremento da qualidade do ensino da MGF, a forma&ccedil;&atilde;o tinha como objectivos espec&iacute;ficos: incrementar o n&iacute;vel do ensino ombro-a-ombro; assegurar a dissemina&ccedil;&atilde;o dos conhecimentos e aptid&otilde;es adquiridos pelos participantes; estimular o desenvolvimento do ensino da MGF; encorajar a dissemina&ccedil;&atilde;o da experi&ecirc;ncia formativa; incrementar as aptid&otilde;es no &acirc;mbito da avalia&ccedil;&atilde;o das necessidades de aprendizagem; aprender a identificar as necessidades sentidas enquanto professores/orientadores; incrementar o uso dos princ&iacute;pios da andragogia; testar e rever os programas para o ensino de Professores/Orientadores de MGF; estabelecer contactos entre as institui&ccedil;&otilde;es envolvidas no ensino da MGF nos pa&iacute;ses da Europa. O que &eacute; que se espera com este Curso? Estrategicamente, espera-se que seja fecundo e origine uma s&eacute;rie de outros cursos de abrang&ecirc;ncia geogr&aacute;fica cada vez mais restrita, em cascata, de modo a envolver o m&aacute;ximo de profissionais docentes e formadores poss&iacute;vel, constituindo uma rede de formadores com uma base comum de exig&ecirc;ncia de qualidade e metodologias de trabalho. Em termos operacionais, espera-se dotar os formandos de know-how suficiente para que possam elaborar planos de forma&ccedil;&atilde;o adequados com os seus alunos ou internos. Resta deixar aqui o testemunho da forma entusi&aacute;stica e empenhada com que toda a gente participou no Curso de Cantanhede. Os hor&aacute;rios das sess&otilde;es foram rigorosamente cumpridos ao minuto, o que leva a crer que o at&aacute;vico incumprimento de hor&aacute;rios n&atilde;o &eacute; uma especificidade portuguesa. N&atilde;o houve uma falta sequer a registar em qualquer das sess&otilde;es e todos os trabalhos de grupo foram amplamente participados por todos os elementos, resultando numa torrente produtiva de conte&uacute;dos que nos deixou a todos muito satisfeitos. O programa social incluiu uma visita ao Biocant (parque biotecnol&oacute;gico de Cantanhede, institui&ccedil;&atilde;o &ldquo;de ponta&rdquo; em Portugal e na Europa), uma visita ao Museu da Pedra, um passeio pedonal pelo centro da cidade (percurso do Marqu&ecirc;s de Marialva), uma breve visita &agrave; Igreja Matriz de Cantanhede, uma visita ao CS de Cantanhede a convite do respectivo director e igualmente formando do curso, Carlos Ordens. E claro, o jantarinho da praxe n&atilde;o faltou... Os cursos seguintes est&atilde;o garantidos, assim n&atilde;o esmore&ccedil;a o entusiasmo demonstrado, e todos fic&aacute;mos com a percep&ccedil;&atilde;o de que &eacute; poss&iacute;vel fazer melhor do que j&aacute; fazemos. Para al&eacute;m disso, e n&atilde;o menos importante, cada um de n&oacute;s ganhou de uma s&oacute; vez e em apenas quatro dias o que por vezes demora anos&hellip; 25 novos amigos. Vasco Queiroz Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

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