Jornal Médico - Autarca investe contra médicos veteranos

O presidente da junta de freguesia, diz que tudo vai mal. O director da unidade contesta, e at&eacute; arrisca que a pol&eacute;mica instalada reflecte, apenas e s&oacute;, alguma dose de impaci&ecirc;ncia pr&eacute;-eleitoral O presidente da Junta de Freguesia de Coja, Jo&atilde;o Rodrigues Oliveira, escreveu uma carta &agrave; ministra da Sa&uacute;de, com conhecimento ao primeiro-ministro e l&iacute;deres das bancadas parlamentares na Assembleia da Rep&uacute;blica, relatando o que considera ser uma situa&ccedil;&atilde;o insuport&aacute;vel, vivida naquela extens&atilde;o do Centro de Sa&uacute;de de Arganil. De acordo com declara&ccedil;&otilde;es prestadas pelo autarca ao Di&aacute;rio de Coimbra, h&aacute; utentes que se deslocam &agrave;s tr&ecirc;s da madrugada para a extens&atilde;o, para garantir consulta. J&aacute; para o director do Centro de Sa&uacute;de de Arganil n&atilde;o restam d&uacute;vidas de que a popula&ccedil;&atilde;o est&aacute; satisfeita. Carlos Maia Teixeira afirma que tudo tem sido feito, ao n&iacute;vel de instala&ccedil;&otilde;es, transportes e organiza&ccedil;&atilde;o funcional, no sentido de oferecer &agrave;s gentes de Coja os cuidados a que t&ecirc;m direito. O director da unidade arrisca at&eacute; que a pol&eacute;mica instalada reflecte, apenas e s&oacute;, alguma dose de impaci&ecirc;ncia pr&eacute;-eleitoral Embora o presidente da Junta de Freguesia de Coja admita, sem grandes reservas, que a qualidade dos servi&ccedil;os cl&iacute;nicos prestados naquela localidade do distrito de Coimbra &eacute; positiva, n&atilde;o deixa de reprovar a forma como &eacute; gerido o agendamento das consultas na extens&atilde;o de sa&uacute;de local. Jo&atilde;o Oliveira garante mesmo que no in&iacute;cio de cada m&ecirc;s se concentram dezenas de utentes &agrave; porta da extens&atilde;o, pelas 08h00 da manh&atilde;. &ldquo;Podem-nos dizer que h&aacute; falta de m&eacute;dicos &ndash; e at&eacute; pode ser verdade &ndash; mas em nosso entender trata-se de um problema de gest&atilde;o&rdquo;, assegurou Jo&atilde;o Oliveira ao Di&aacute;rio de Coimbra. O respons&aacute;vel pela junta de freguesia garantiu ainda que as marca&ccedil;&otilde;es de consultas s&atilde;o realizadas uma vez por m&ecirc;s, no primeiro dia &uacute;til, um processo que considera de efic&aacute;cia duvidosa. Jo&atilde;o Oliveira avalia a situa&ccedil;&atilde;o actual como uma &ldquo;calamidade social&rdquo;, argumento que baste para que a junta de freguesia tenha tomado medidas extraordin&aacute;rias. Nomeadamente, com recurso &agrave; constru&ccedil;&atilde;o de um espa&ccedil;o anexo &agrave; extens&atilde;o, utilizado pelos utentes enquanto esperam pela abertura de portas. Na missiva endere&ccedil;ada a Ana Jorge, o autarca chega mesmo a oferecer-se para gerir a unidade de sa&uacute;de, uma vez que considera que a junta teria melhores condi&ccedil;&otilde;es para rentabilizar os meios disponibilizados pela administra&ccedil;&atilde;o central. Director do CS de Arganil estranha agita&ccedil;&atilde;o Contactado pelo nosso jornal, o director do CS de Arganil &ndash; Carlos Maia Teixeira &ndash; refere que n&atilde;o existem fundamentos de qualquer esp&eacute;cie para estes reparos, mostrando-se surpreendido com o tempo escolhido para este ataque virulento: &ldquo;os dois colegas que trabalham em Coja est&atilde;o na povoa&ccedil;&atilde;o h&aacute; 29 e 25 anos, sendo imensamente respeitados pela popula&ccedil;&atilde;o. Durante todo este tempo, o colega a que o senhor presidente da junta se refere sempre efectuou agendamento programado no primeiro dia &uacute;til de cada m&ecirc;s, para o m&ecirc;s seguinte, a que acrescem as muitas consultas do dia. At&eacute; agora, tal facto nunca tinha sido suscitado qualquer problema&rdquo;. Assim, no entender do director da unidade, tudo n&atilde;o passa de um &ldquo;exagero&rdquo;, vindo de algu&eacute;m que pressente elei&ccedil;&otilde;es no horizonte e que &ldquo;n&atilde;o tem obra para mostrar. Trata-se de procura de visibilidade, pura e simples, &agrave; custa de dois colegas cujo trabalho honrado n&atilde;o merecia esta provoca&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Sobre a metodologia de agendamento mensal escolhida por um dos m&eacute;dicos de Coja, Carlos Maia Teixeira relembra que o seu colega acumula m&uacute;ltiplas responsabilidades, assumindo, n&atilde;o s&oacute; a realiza&ccedil;&atilde;o das ditas consultas programadas n&atilde;o urgentes, como consultas do dia, trabalho ao n&iacute;vel do Projecto de Interven&ccedil;&atilde;o Precoce, uma consulta de Telemedicina centrada na especialidade de Endocrinologia e ainda deveres no campo formativo. &ldquo;Com todas estas responsabilidades em cima, &eacute; fant&aacute;stico que ainda consiga dar resposta a todos os seus doentes. Acresce ainda que muitas pessoas, oriundas de outras extens&otilde;es, se deslocam at&eacute; Coja precisamente porque preferem ser consultadas por ele&rdquo;, real&ccedil;a Carlos Maia Teixeira. Autocarro traz e leva doentes O director do CS de Arganil acredita que o autarca de Coja lan&ccedil;ou uma cortina de fumo para esconder o que se torna evidente: &ldquo;tentou pegar nesta quest&atilde;o do agendamento, e no facto de alguns grandes consumidores de consultas se levantarem mais cedo, porque n&atilde;o tem argumentos alternativos. A Extens&atilde;o de Coja &eacute; exemplar a n&iacute;vel nacional, apresentando neste momento condi&ccedil;&otilde;es de trabalho e de acolhimento excepcionais. Chega a ser rid&iacute;culo que se tenha constru&iacute;do um telheiro ao lado, provavelmente sem qualquer tipo de licen&ccedil;a&rdquo;. Carlos Maia Teixeira lembra que ambos os m&eacute;dicos que trabalham em Coja possuem 1500 utentes em lista, garantindo per&iacute;odos de consulta de segunda a sexta-feira. N&atilde;o existem, ali&aacute;s, utentes a descoberto na regi&atilde;o. O respons&aacute;vel da unidade recorda ainda outros benef&iacute;cios gerados para a popula&ccedil;&atilde;o: &ldquo;arranc&aacute;mos com um servi&ccedil;o pioneiro, logo em 1997. De facto, n&atilde;o ser&atilde;o muitos os locais do pa&iacute;s em que se disponibiliza um autocarro para trazer as pessoas &agrave; extens&atilde;o e depois lev&aacute;-las a casa, como sucede hoje em Coja&rdquo;. De acordo com Carlos Maia Teixeira, o trabalho realizado pela sua direc&ccedil;&atilde;o est&aacute; &agrave; vista de todos e merece o devido respeito: &ldquo;onde est&aacute; instalado o &uacute;nico Servi&ccedil;o de Urg&ecirc;ncia B&aacute;sica do distrito de Coimbra? Em Arganil. Onde se t&ecirc;m feito investimentos fundamentais em &aacute;reas como a radiologia, internamento ou laborat&oacute;rio de an&aacute;lises cl&iacute;nicas. Aqui, precisamente. Onde est&atilde;o dispon&iacute;veis diversas consultas de telemedicina e um programa inovador que permite seguir doentes com DPOC no centro de sa&uacute;de? Nada disto parece ter sido observado pelo senhor presidente da junta&rdquo;.

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