Jornal Médico - Médicos estão a abandonar o tabaco

A &ldquo;grande maioria&rdquo; dos m&eacute;dicos portugueses est&aacute; a deixar de fumar. A conclus&atilde;o &eacute; de um estudo levado a cabo por Miguel Natal, m&eacute;dico de fam&iacute;lia e coordenador da USF Pinhal de Frades. O estudo, a que o nosso Jornal teve acesso, concluiu que cerca de 50% dos m&eacute;dicos questionados fumavam e que destes, mais de 40% abandonaram o cigarro... A &ldquo;grande maioria&rdquo; dos m&eacute;dicos portugueses est&aacute; a deixar de fumar. A conclus&atilde;o &eacute; de um estudo levado a cabo por Miguel Natal, m&eacute;dico de fam&iacute;lia e coordenador da USF Pinhal de Frades. O estudo, a que o nosso Jornal teve acesso, concluiu que cerca de 50% dos m&eacute;dicos questionados fumavam e que destes, mais de 40% abandonaram o cigarro... Miguel Natal, m&eacute;dico de fam&iacute;lia (MF) e coordenador da Unidade de Sa&uacute;de Familiar (USF) Pinhal de Frades, no Seixal, fez um levantamento nacional para determinar o consumo de tabaco pelos m&eacute;dicos portugueses. O estudo, a que o nosso jornal teve acesso, concluiu que cerca de 50% dos m&eacute;dicos questionados fumavam, e que destes, mais de 40% abandonaram o h&aacute;bito tab&aacute;gico. O trabalho de investiga&ccedil;&atilde;o Os M&eacute;dicos e o Tabaco procurou determinar qual a preval&ecirc;ncia do tabagismo na classe m&eacute;dica em todo o pa&iacute;s. &ldquo;O estudo conclui que a grande maioria dos m&eacute;dicos est&aacute; a abandonar o tabaco. Cerca de 50% dos m&eacute;dicos questionados fumava e percebemos que, actualmente, 40% j&aacute; abandonou o tabaco&rdquo;, explica o autor da pesquisa, apresentada recentemente, no &acirc;mbito das 1as Jornadas de Patologia Respirat&oacute;ria em Medicina Familiar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). De acordo com Miguel Natal, &ldquo;&eacute; fundamental salientar que parte do sucesso da cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica reside na motiva&ccedil;&atilde;o pr&oacute;pria, como primeiro passo&rdquo;. Neste sentido, sublinha o MF de Pinhal de Frades, &ldquo;a for&ccedil;a de vontade &eacute; crucial num processo de desabitua&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica&rdquo;. Ainda segundo o autor do estudo Os M&eacute;dicos e o Tabaco, &ldquo;outros motivos que levaram os cl&iacute;nicos a deixarem de fumar passam, essencialmente, pela influ&ecirc;ncia dos familiares ou por motivos de sa&uacute;de, &agrave; cabe&ccedil;a dos quais as doen&ccedil;as respirat&oacute;rias&rdquo;. A investiga&ccedil;&atilde;o, que teve como objectivo determinar qual a preval&ecirc;ncia do tabagismo na classe m&eacute;dica em todo o pa&iacute;s, foi realizada entre 2005 e 2006, envolvendo um total de mil question&aacute;rios. Foram validadas 327 respostas. Os inquiridos tinham idades compreendidas entre os 24 e os 87 anos. M&eacute;dicas t&ecirc;m maior dificuldade em deixar de fumar Os resultados da pesquisa levada a cabo por Miguel Natal &ndash; que tem realizado v&aacute;rios trabalhos nesta &aacute;rea &ndash; revelam que, actualmente, cerca de 11% dos m&eacute;dicos s&atilde;o fumadores, 40% abandonou o h&aacute;bito e quase 49% s&atilde;o n&atilde;o fumadores. O estudo concluiu, tamb&eacute;m, que no universo considerado, a inicia&ccedil;&atilde;o ao tabagismo ocorreu por volta dos 16 anos de idade e que h&aacute; mais fumadores masculinos do que femininos. No entanto, adquirido o h&aacute;bito, as mulheres apresentam maior dificuldade em deixar de fumar. Assim, a taxa de abandono do h&aacute;bito tab&aacute;gico &eacute; superior nos homens, sendo que dos 40% (homens e mulheres) que deixaram de fumar, 24,4% s&atilde;o homens e 15,6%, mulheres. Ainda no que toca aos resultados obtidos entre as mulheres m&eacute;dicas, cerca de 10% destas profissionais fumam, enquanto que na popula&ccedil;&atilde;o feminina, em geral, a taxa ronda os oito por cento. Os motivos pelos quais homens e mulheres decidiram deixar de fumar variam entre a vontade pr&oacute;pria (35%), motivos de sa&uacute;de (19,85%) e influ&ecirc;ncia de familiares (10, 69%). Um outro dado relevante refere que 37,2% dos inquiridos admitiu ter come&ccedil;ado a fumar por influ&ecirc;ncia dos colegas, mas apenas seis por cento afirmou ter decidido deixar o v&iacute;cio por influ&ecirc;ncia daqueles. Miguel Natal admite que, ao n&iacute;vel dos jovens, tem havido uma evolu&ccedil;&atilde;o muito positiva, referindo que pela primeira vez em 15 anos, encontrou turmas do secund&aacute;rio sem um &uacute;nico fumador. Um dado constatado no &acirc;mbito do programa Sa&uacute;de Escolar, realizado no &acirc;mbito da &aacute;rea de interven&ccedil;&atilde;o da USF que o m&eacute;dico de fam&iacute;lia coordena. Para o autor de Os M&eacute;dicos e o Tabaco, &ldquo;a cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica significa qualidade de vida&rdquo;. Assim, conclui, &ldquo;considero que os profissionais de sa&uacute;de devem intervir de forma incisiva desde a pr&eacute;-adolesc&ecirc;ncia, para fazer preven&ccedil;&atilde;o e ajudar a evitar a epidemia do tabagismo&rdquo;. Desde a entrada em vigor da Lei do Tabaco&hellip; Consultas cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica mais do que duplicaram O n&uacute;mero de consultas de cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica &ldquo;mais do que duplicou&rdquo; desde que a Lei do Tabaco entrou em vigor no in&iacute;cio deste ano, revelou, em declara&ccedil;&otilde;es &agrave; ag&ecirc;ncia Lusa, o pneumologista e director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Agostinho Marques. &ldquo;S&oacute; na regi&atilde;o Norte, existem mais de uma centena destas consultas&rdquo;, adiantou o especialista, sublinhando que na sequ&ecirc;ncia da discuss&atilde;o da Lei do Tabaco, e sua posterior entrada em vigor, houve &ldquo;uma procura enorme dos doentes por este tipo de consultas. Afluxo que entretanto estabilizou&rdquo;. De acordo com o pneumologista, que falava no &acirc;mbito das 1as Jornadas de Patologia Respirat&oacute;ria em Medicina Familiar da FMUP, que decorreram recentemente na Invicta, existe actualmente &ldquo;um n&uacute;mero suficiente&rdquo; de consultas de cessa&ccedil;&atilde;o tab&aacute;gica, na medida em que &ldquo;o fluxo de doentes &eacute; normal e n&atilde;o h&aacute; lista de espera&rdquo;. Contudo, salientou, os resultados obtidos nas consultas antitab&aacute;gicas, s&atilde;o &ldquo;modestos&rdquo;, situando-se entre os 25 e os 30 por cento os doentes que ao fim de um ano deixaram, efectivamente, de fumar. No entender do m&eacute;dico, os resultados poderiam ser superiores se alguns medicamentos, considerados eficazes no tratamento, fossem comparticipados. &ldquo;O que acontece &eacute; que os fumadores v&atilde;o &agrave; consulta, mas muitas vezes abandonam o tratamento porque este representa uma carga financeira elevada&rdquo;, explicou. Apesar da tend&ecirc;ncia apontar para &ldquo;uma descida ligeira&rdquo; no consumo de tabaco, a verdade &eacute; que &ldquo;os portugueses continuam a ter muita dificuldade em deixar de fumar, n&atilde;o procuram as consultas e n&atilde;o cumprem os tratamentos&rdquo;, considerou Agostinho Marques. O pneumologista recordou que duas das doen&ccedil;as &ldquo;mais graves e mais caras&rdquo; &ndash; o cancro no pulm&atilde;o e a doen&ccedil;a pulmonar cr&oacute;nica obstrutiva &ndash; est&atilde;o relacionadas com o tabagismo. Segundo dados recentes, cerca de 90 por cento dos casos de cancro do pulm&atilde;o s&atilde;o provocados pelo consumo de tabaco. E as estat&iacute;sticas indicam que o consumo de tabaco &eacute; respons&aacute;vel por 11,7 por cento das mortes ocorridas em Portugal. Em destaque nas 1as Jornadas de Patologia Respirat&oacute;ria em Medicina Familiar da FMUP esteve a elevada preval&ecirc;ncia das doen&ccedil;as respirat&oacute;rias, como a asma, que afecta cerca de 800 mil portugueses; a doen&ccedil;a pulmonar obstrutiva cr&oacute;nica (DPOC), que afecta cerca de 500 mil e a apneia do sono (400 mil). O especialista alertou para o facto de, no nosso pa&iacute;s, os doentes se automedicarem muito nas infec&ccedil;&otilde;es respirat&oacute;rias agudas. &ldquo;Os pais utilizam indevidamente os antibi&oacute;ticos nas crian&ccedil;as, o que aumenta a sua resist&ecirc;ncia &agrave;s bact&eacute;rias e &agrave; toxicidade. Em situa&ccedil;&otilde;es de doen&ccedil;a futura, esta habitua&ccedil;&atilde;o prejudica os tratamentos e a sua efic&aacute;cia&rdquo;, salientou Agostinho Marques. O encontro cient&iacute;fico contou com a presen&ccedil;a de 400 m&eacute;dicos de fam&iacute;lia e teve como objectivo a partilha de casos e experi&ecirc;ncias cl&iacute;nicas, numa abordagem mais pr&oacute;xima da pr&aacute;tica cl&iacute;nica di&aacute;ria.

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