Jornal Médico - Centro de Saúde Universitário: prós e contras…

Com base na experi&ecirc;ncia do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o, no Porto, &eacute; poss&iacute;vel avan&ccedil;ar para o desenvolvimento de estruturas semelhantes? E desej&aacute;vel? Com base na experi&ecirc;ncia do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o, no Porto, &eacute; poss&iacute;vel avan&ccedil;ar para o desenvolvimento de estruturas semelhantes? E desej&aacute;vel? Os pr&oacute;s e contras do modelo de centro de sa&uacute;de universit&aacute;rio, campo de investiga&ccedil;&atilde;o e de est&aacute;gio dos alunos das faculdades, deram lugar a uma acesa discuss&atilde;o entre Pinto Hespanhol e Lu&iacute;s Rebelo. O primeiro apontou sobretudo as vantagens, o segundo defendeu o "n&atilde;o", destacando as dificuldades log&iacute;sticas e de rela&ccedil;&atilde;o humana A quem interessa o centro de sa&uacute;de universit&aacute;rio? Aos Minist&eacute;rios de Educa&ccedil;&atilde;o e da Sa&uacute;de? Aos m&eacute;dicos e professores? Aos alunos? A quest&atilde;o, debatida no III Encontro Nacional de MGF das Faculdades de Medicina, foi lan&ccedil;ada por Jaime Correia de Sousa, da Escola de Ci&ecirc;ncias da Sa&uacute;de do Minho e Hern&acirc;ni Cani&ccedil;o, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. A Alberto Pinto Hespanhol, director do Centro de Sa&uacute;de S&atilde;o Jo&atilde;o do Porto, mais conhecido como Tubo de Ensaio - coube a defesa do modelo e a Lu&iacute;s Rebelo, do Centro de Sa&uacute;de de Benfica, apontar as limita&ccedil;&otilde;es. O Tubo de Ensaio, que no pr&oacute;ximo m&ecirc;s de Junho comemora dez anos de exist&ecirc;ncia, foi "encomendado" ao Departamento de Cl&iacute;nica Geral da Faculdade de Medicina do Porto pelo pr&oacute;prio Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de. Um protocolo, assinado em 1999, deu o pontap&eacute; de sa&iacute;da a este projecto de investiga&ccedil;&atilde;o absolutamente sui generis: todos os m&eacute;dicos do centro de sa&uacute;de s&atilde;o professores universit&aacute;rios de Medicina Geral e Familiar e o financiamento &eacute; feito com base num sistema de capita&ccedil;&atilde;o. Cobaias do seu pr&oacute;prio projecto de investiga&ccedil;&atilde;o "Todos n&oacute;s, professores do Departamento de Cl&iacute;nica Geral da Faculdade de Medicina do Porto, fomos cobaias deste projecto de investiga&ccedil;&atilde;o e assumimos, desde o in&iacute;cio, uma "postura de humildade" e de "identifica&ccedil;&atilde;o dos erros", recorda Pinto Hespanhol. Em dez anos, o know how acumulado por um centro de sa&uacute;de em que todos os m&eacute;dicos s&atilde;o professores universit&aacute;rios, &eacute; enorme. Com uma actividade assistencial semelhante aos outros, o Tubo de Ensaio &eacute; um espa&ccedil;o de forma&ccedil;&atilde;o e de investiga&ccedil;&atilde;o. E tamb&eacute;m campo de est&aacute;gio dos estudantes de Medicina, Psicologia, Pediatria, Economia... Uma das vantagens para os profissionais - cuja satisfa&ccedil;&atilde;o atinge praticamente os 100% - &eacute; que o director tamb&eacute;m &eacute; professor. Nessa medida, "todos os problemas administrativos s&atilde;o resolvidos pelo pr&oacute;prio, evitando estruturas paralelas". Raz&otilde;es para n&atilde;o alinhar... Coube a Lu&iacute;s Rebelo identificar os inconvenientes de uma estrutura deste tipo. Entre os argumentos esgrimidos pelo docente da Faculdade de Medicina de Lisboa, destaca-se, em primeiro lugar, o facto de alguns m&eacute;dicos de fam&iacute;lia terem "medo de expor a sua pr&aacute;tica cl&iacute;nica" aos alunos das faculdades. Outro inconveniente assenta no facto de os centros de sa&uacute;de "estarem em vias de transforma&ccedil;&atilde;o em unidades de sa&uacute;de familiar ou outras unidades funcionais". Eventualmente, esta transforma&ccedil;&atilde;o poder&aacute; "ainda condicionar mais" os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia "no que se refere a actividades de forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute; e p&oacute;s-graduada". Para al&eacute;m disso, "os centros de sa&uacute;de n&atilde;o foram constru&iacute;dos nem equipados para se tornarem locais de ensino de MGF". Na maioria das unidades - mesmo nas estruturas mais modernas - os gabinetes m&eacute;dicos s&atilde;o pequenos e as salas de reuni&atilde;o ex&iacute;guas. Mas h&aacute; mais: muitos utentes recusam-se a ser cobaias de alunos e professores - "Tempo &eacute; dinheiro; todos olham para o rel&oacute;gio..." - e "nem o Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de, nem o Minist&eacute;rio da Ci&ecirc;ncia e do Ensino Superior desejam pagar dinheiro extra para que se ensine Medicina Geral e Familiar nos centros de sa&uacute;de". Dificuldades na compatibiliza&ccedil;&atilde;o da actividade acad&eacute;mica com a cl&iacute;nica A discuss&atilde;o em torno dos pr&oacute;s e contras do centro de sa&uacute;de universit&aacute;rio foi intensa. Mas, no final, acabou por prevalecer a tese de Isabel Santos, da Faculdade de Ci&ecirc;ncias M&eacute;dicas da Universidade Nova de Lisboa: "Para todos aqueles que s&atilde;o professores ou assistentes das faculdades de Medicina, &eacute; muito dif&iacute;cil compatibilizar a carreira acad&eacute;mica e a investiga&ccedil;&atilde;o, com a actividade cl&iacute;nica. Deveria existir uma estrutura que permitisse essa compatibiliza&ccedil;&atilde;o, atrav&eacute;s de uma interliga&ccedil;&atilde;o funcional entre as duas actividades". Uma quest&atilde;o ficou, entretanto, no ar: ser&aacute; o centro de sa&uacute;de universit&aacute;rio uma unidade de cuidados de sa&uacute;de personalizados? Ou uma USF?... Ensino da MF na Universidade de Coimbra: pr&aacute;tica adquire mais peso A Medicina Geral e Familiar &eacute; a &aacute;rea de ensino mais pr&oacute;xima dos objectivos e m&eacute;todos propostos actualmente para a educa&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica, afirmou Armando de Carvalho, regente da disciplina de Cl&iacute;nica Geral da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra: "h&aacute; mais de 20 anos que a MGF &eacute; uma disciplina importante nas faculdades de medicina portuguesas. Sendo indispens&aacute;vel &agrave; forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-graduada, deve intervir em todas as fases do curriculum. O seu ensino deve ser pr&aacute;tico e realizado por m&eacute;dicos de fam&iacute;lia enquadrados na estrutura universit&aacute;ria". No in&iacute;cio de cada ano lectivo, o departamento de Cl&iacute;nica Geral da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra realiza um workshop, com alunos e tutores. O objectivo &eacute; o de delinear estrat&eacute;gias de evolu&ccedil;&atilde;o e dar ao ensino da disciplina de MGF uma componente pr&aacute;tica mais vincada. O primeiro contacto dos alunos com a MGF ocorre logo no primeiro ano, na disciplina de Introdu&ccedil;&atilde;o &agrave; Medicina. Depois desta aproxima&ccedil;&atilde;o breve, segue-se um novo contacto no quinto ano, na disciplina de Cl&iacute;nica Geral e, no sexto ano, em Medicina Geral e Familiar e Sa&uacute;de P&uacute;blica. Na perspectiva de Armando de Carvalho, "esse contacto deve ser muito maior, ao longo de todo o curso, dando maior visibilidade &agrave; MGF". Estudo avalia crit&eacute;rios de escolha da especialidade m&eacute;dica A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra est&aacute; a realizar um estudo sobre as raz&otilde;es que conduzem &agrave; escolha da especialidade m&eacute;dica. Segundo Hern&acirc;ni Cani&ccedil;o, a investiga&ccedil;&atilde;o abrange 500 alunos do quinto e sexto ano de Medicina. Os resultados dever&atilde;o ser conhecidos no final deste ano.

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