Jornal Médico - A investigação no centro do debate

N&atilde;o h&aacute; uma grande tradi&ccedil;&atilde;o de investiga&ccedil;&atilde;o em Medicina Geral e Familiar. Por isso, ela n&atilde;o tem sido valorizada... N&atilde;o h&aacute; uma grande tradi&ccedil;&atilde;o de investiga&ccedil;&atilde;o em Medicina Geral e Familiar. Por isso, ela n&atilde;o tem sido valorizada. Existem mesmo alguns detractores que afirmam que os estudos, em MGF, apenas focam banalidades e s&oacute; chegam a resultados &oacute;bvios. "Cabe-nos, a n&oacute;s, provar que n&atilde;o &eacute; assim!", defendeu Catarina Resende de Oliveira no III Encontro Nacional de MGF das Faculdades de Medicina. Reunidos em Coimbra, docentes de MGF das Faculdades de Medicina discutiram em profundidade as quest&otilde;es ligadas &agrave; investiga&ccedil;&atilde;o e ao ensino. A reuni&atilde;o contou com a presen&ccedil;a de Castro e Sousa, presidente do conselho directivo da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), que expressou claramente o apoio da faculdade a todas as iniciativas que visem a procura de melhores condi&ccedil;&otilde;es e qualidade do ensino m&eacute;dico. "O Sistema Nacional de Sa&uacute;de, agora com 30 anos, n&atilde;o funciona sem uma base de qualidade, empenhada, motivada e realizada na sua profiss&atilde;o, como t&ecirc;m que ser os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia em Portugal". Hoje, h&aacute; um interesse renovado pela Medicina Familiar, acrescentou o catedr&aacute;tico, que observa com interesse a reforma em curso nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios. "Enquanto for presidente do conselho directivo da FMUC tudo farei para apoiar e acarinhar a Medicina Familiar", afirmou. "Considero que &eacute; uma &aacute;rea fundamental do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de e, nessa medida, procuramos que os alunos tenham contacto, do primeiro ao &uacute;ltimo ano, com os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios". Investiga&ccedil;&atilde;o deve fazer parte da cultura dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia O desenvolvimento da investiga&ccedil;&atilde;o na &aacute;rea da Medicina Familiar foi um dos temas fulcrais do debate entre os docentes, com o particular envolvimento de professores da Faculdade de Medicina de Coimbra, onde a MGF tem um papel activo na forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-graduada desde h&aacute; quase 20 anos. "N&atilde;o h&aacute; uma grande tradi&ccedil;&atilde;o de investiga&ccedil;&atilde;o em Medicina Geral e Familiar. Por isso, essa investiga&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tem sido valorizada". No entanto, "deve fazer parte da actividade dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia", defende Catarina Resende de Oliveira, presidente do conselho cient&iacute;fico da FMUC. "Existem alguns detractores da investiga&ccedil;&atilde;o em MGF. Dizem que apenas foca banalidades e s&oacute; chega a resultados &oacute;bvios. Cabe-nos, a n&oacute;s, provar que n&atilde;o &eacute; assim!". A MGF poder&aacute; trazer um contributo muito importante em &aacute;reas como a epidemiologia, patologias cr&oacute;nicas, estudo do envelhecimento e das doen&ccedil;as degenerativas: "o m&eacute;dico de fam&iacute;lia est&aacute; numa posi&ccedil;&atilde;o privilegiada para fazer uma investiga&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel em meio hospitalar e que abrange uma &aacute;rea muito pr&oacute;pria e bem definida". A apoiar este argumento, Catarina Resende apresentou os resultados de uma sondagem realizada pelo British Medical Journal, segundo a qual aproximadamente 90% dos cl&iacute;nicos considera que a investiga&ccedil;&atilde;o em MGF &eacute; "importante" e 68% afirma que tem influ&ecirc;ncia na pr&aacute;tica m&eacute;dica. Para um desenvolvimento sustentado da investiga&ccedil;&atilde;o, a docente defende a colabora&ccedil;&atilde;o estreita entre os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, enfermeiros, estudantes e centros universit&aacute;rios. "&Eacute;, necessariamente, uma investiga&ccedil;&atilde;o multidisciplinar em que necessitaremos da bioestat&iacute;stica e da bioinform&aacute;tica para a constru&ccedil;&atilde;o de bases de dados. Daqui sair&aacute; um novo conhecimento e melhores cuidados aos doentes, com menos custos", diz a investigadora. Uma posi&ccedil;&atilde;o que merece o apoio de Castro e Sousa, que afirma que uma faculdade de Medicina n&atilde;o tem como fun&ccedil;&atilde;o exclusiva formar m&eacute;dicos competentes que sejam capazes, com humanidade, de tratar o seu semelhante. Tem, tamb&eacute;m, afirma, de "dar &agrave; sociedade, e ter nos seus quadros, profissionais que garantam o progresso na &aacute;rea assistencial" atrav&eacute;s de uma investiga&ccedil;&atilde;o fecunda nas ci&ecirc;ncias b&aacute;sicas e cl&iacute;nicas. "Ainda n&atilde;o produzimos tantos doutores nesta &aacute;rea como gostar&iacute;amos. &Eacute; uma car&ecirc;ncia que todos reconhecemos, mas que esperamos venha a ser ultrapassada em pouco tempo". Investiga&ccedil;&atilde;o sobre envelhecimento: com a colabora&ccedil;&atilde;o de 26 CS Um estudo iniciado h&aacute; dois anos pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e pela Faculdade de Ci&ecirc;ncias M&eacute;dicas da Universidade Nova de Lisboa, constitui um bom exemplo da colabora&ccedil;&atilde;o necess&aacute;ria em investiga&ccedil;&atilde;o. Incide sobre o perfil de envelhecimento da popula&ccedil;&atilde;o portuguesa e conta com o envolvimento de 26 centros de sa&uacute;de nacionais. Durante o Encontro foi igualmente divulgado que no ano lectivo de 2007/2008 foram realizados seis trabalhos de investiga&ccedil;&atilde;o na &aacute;rea cient&iacute;fica da CG/MGF, com vista &agrave; atribui&ccedil;&atilde;o do grau de mestre, no &acirc;mbito do ciclo de estudos do Mestrado Integrado em Medicina da FMUC. No Encontro de Coimbra foram apresentados dois desses trabalhos - Redu&ccedil;&atilde;o do risco cardiovascular global atrav&eacute;s da continuidade de cuidados assistenciais prestados a uma popula&ccedil;&atilde;o hipertensa pelo m&eacute;dico de fam&iacute;lia e A ades&atilde;o &agrave; terap&ecirc;utica anti-hipertensiva e a sua preponder&acirc;ncia no controlo da doen&ccedil;aexcelente ap&oacute;s a disserta&ccedil;&atilde;o de mestrado. - da autoria das mestres M&oacute;nica Marlene Lopes e Sofia Matos Oliveira, respectivamente. Ambos os trabalhos obtiveram a classifica&ccedil;&atilde;o de Este ano lectivo, foram apresentados dez projectos de investiga&ccedil;&atilde;o e solicitada a orienta&ccedil;&atilde;o de tr&ecirc;s dos assistentes da disciplina de MGF da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Alunos reconhecem a import&acirc;ncia social da MF Jo&atilde;o Pedro Francisco, que participou neste terceiro encontro em representa&ccedil;&atilde;o do N&uacute;cleo de Estudantes de Medicina da Associa&ccedil;&atilde;o Acad&eacute;mica de Coimbra, afirma que "n&atilde;o h&aacute; sistema de sa&uacute;de que se possa dar ao luxo de prescindir dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios". Salientando a "subvaloriza&ccedil;&atilde;o do m&eacute;dico de fam&iacute;lia pelo pr&oacute;prio" e os coment&aacute;rios pouco tolerantes dos colegas de outras especialidades, o jovem estudante considera que os futuros m&eacute;dicos, independentemente da sua especialidade, "devem reconhecer a import&acirc;ncia social da Medicina Geral e Familiar, diagnosticando e combatendo, na sua pr&aacute;tica di&aacute;ria, as causa de descr&eacute;dito da classe". In&ecirc;s La&iacute;ns, presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional de Estudantes de Medicina afirma, por seu turno, que uma parte muito significativa dos estudantes de Medicina vai ser m&eacute;dico de fam&iacute;lia, em fun&ccedil;&atilde;o dos actuais mapas de vagas. "No &uacute;ltimo concurso, 25% do total de vagas foram ocupadas pela MGF". Isso significa que muitos alunos ir&atilde;o escolher a Medicina Familiar, "por op&ccedil;&atilde;o ou por imposi&ccedil;&atilde;o". Numa forma&ccedil;&atilde;o de qualidade, a MGF deve representar uma forte componente da forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute;-graduada, sustenta a presidente da ANEM. "Mesmo como especialistas de outras &aacute;reas, os m&eacute;dicos precisar&atilde;o sempre dos conhecimentos da &aacute;rea da Medicina Geral e Familiar".

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