Jornal Médico - Especialistas debatem reforma da Saúde

Lu&iacute;s Pisco e Mart&iacute;n-Zurro defenderam ideias similares para os CSP, em Portugal e Espanha, no Real Instituto de Estudos Asturianos... Ao mesmo tempo que em Portugal, a reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios d&aacute; os primeiros passos na governa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica e gest&atilde;o do conhecimento, a Catalunha prepara-se para dar corpo ao Projecto Oxig&eacute;nio, com o objectivo de reconfigurar todo o sistema de sa&uacute;de. De ambos os lados da fronteira, o objectivo &eacute; passar de um modelo burocr&aacute;tico, centralista, para uma organiza&ccedil;&atilde;o baseada num modelo pr&oacute;prio dos sistemas adaptativos de alta complexidade, defenderam Lu&iacute;s Pisco e Mart&iacute;n-Zurro num debate promovido pelo Real Instituto de Estudos Asturianos, em Oviedo O processo de reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios em Portugal est&aacute; a ser observado com grande interesse pelos governos regionais das comunidades aut&oacute;nomas espanholas. &Eacute; o caso, por exemplo, de Ast&uacute;rias e da Catalunha, esta &uacute;ltima tamb&eacute;m empenhada em desenvolver um programa de mudan&ccedil;a na Sa&uacute;de, a que chamou de Projecto Oxig&eacute;nio. Numa mesa inserida no Foro de debate sobre a Sa&uacute;de P&uacute;blica Asturiana no s&eacute;culo XXI, promovida pelo Real Instituto de Estudos Asturianos, em Oviedo, Lu&iacute;s Pisco, coordenador da Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios (MCSP), apresentou detalhadamente as v&aacute;rias fases da reforma empreendida no nosso pa&iacute;s. Neste processo de mudan&ccedil;a, para al&eacute;m da constitui&ccedil;&atilde;o das USF e dos ACES com um novo modelo de gest&atilde;o, Lu&iacute;s Pisco sublinhou a introdu&ccedil;&atilde;o da hierarquia t&eacute;cnica, que dever&aacute; ser institu&iacute;da atrav&eacute;s da forma&ccedil;&atilde;o do conselho cl&iacute;nico. Ali&aacute;s, a governa&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica e a gest&atilde;o do conhecimento fazem parte do segundo eixo do plano estrat&eacute;gico da Miss&atilde;o, a que acresce a qualifica&ccedil;&atilde;o dos profissionais, a inova&ccedil;&atilde;o e a simplifica&ccedil;&atilde;o dos cuidados. De acordo com Lu&iacute;s Pisco, o &ecirc;xito da reforma passa por um "aumento da acessibilidade dos usu&aacute;rios aos servi&ccedil;os", "melhoria da qualidade assistencial, preven&ccedil;&atilde;o e vigil&acirc;ncia" e, num futuro pr&oacute;ximo, pelo "aumento do n&uacute;mero de servi&ccedil;os que s&atilde;o prestados nos ACES". Oxig&eacute;nio para o sistema de sa&uacute;de catal&atilde;o O sistema de sa&uacute;de catal&atilde;o est&aacute; a precisar de "ar fresco", defende Armando Mart&iacute;n-Zurro, respons&aacute;vel cient&iacute;fico pela reforma dos servi&ccedil;os de sa&uacute;de na Catalunha. E &eacute; isso mesmo que o m&eacute;dico prop&otilde;e no Projecto Oxig&eacute;nio, cuja implementa&ccedil;&atilde;o no terreno est&aacute; prevista para Julho de 2009. De acordo com o m&eacute;dico, &eacute; necess&aacute;rio reconfigurar o modelo de sistema de sa&uacute;de catal&atilde;o, desenhado h&aacute; cerca de 25 anos. Mas partindo de um "processo de inova&ccedil;&atilde;o" que contenha "mudan&ccedil;as qualitativas e n&atilde;o apenas de orienta&ccedil;&atilde;o" e que permita "combinar ac&ccedil;&otilde;es estrat&eacute;gicas de fundo, a m&eacute;dio e longo prazo, com outras que abordem os problemas imediatos da assist&ecirc;ncia quotidiana". O sistema de sa&uacute;de da Catalunha precisa de "evoluir da organiza&ccedil;&atilde;o actual, baseada num modelo burocr&aacute;tico maquinal para outra centrada num modelo biol&oacute;gico org&acirc;nico, pr&oacute;prio dos sistemas adaptativos vivos de alta complexidade", defende o especialista. Essencialmente, o novo modelo pretende integrar e dar uma coer&ecirc;ncia global &agrave;s melhores iniciativas que est&atilde;o a emergir no sistema. O objectivo, de acordo com Mart&iacute;n-Zurro &eacute; que os cuidados prim&aacute;rios e secund&aacute;rios funcionem "como partes de uma dupla mol&eacute;cula" e que todos os agentes do sistema "tenham consci&ecirc;ncia de que fazem parte de uma comunidade profissional ao servi&ccedil;o da comunidade". O Projecto Oxig&eacute;nio, cuja estrat&eacute;gia come&ccedil;ou a ser delineada no in&iacute;cio de 2007, dever&aacute; ser implementado no terreno dentro de dois meses. Sa&uacute;de P&uacute;blica e CSP: falha o trabalho conjunto O sistema de sa&uacute;de, al&eacute;m de oferecer benef&iacute;cios tang&iacute;veis, como seguran&ccedil;a, cura, melhoria e conforto, tamb&eacute;m pode apresentar "efeitos adversos", como "depend&ecirc;ncia excessiva" ou a "medicaliza&ccedil;&atilde;o da vida quotidiana", avisou Andreu Segura, presidente da Sociedade Espanhola de Sa&uacute;de P&uacute;blica durante o debate promovido pelo Real Instituto de Estudos Asturianos. Na obra "Admir&aacute;vel Mundo Novo", Aldous Huxley antecipa que "a investiga&ccedil;&atilde;o das doen&ccedil;as avan&ccedil;ou tanto que &eacute; cada vez mais dif&iacute;cil encontrar algu&eacute;m que esteja completamente s&atilde;o". E de facto, "a obsess&atilde;o pela sa&uacute;de perfeita nos pa&iacute;ses desenvolvidos tornou-se um factor patog&eacute;nico predominante", acrescenta Andreu Segura. "O sistema m&eacute;dico, num mundo impregnado do ideal instrumental da ci&ecirc;ncia, cria sem cessar novas necessidades de cuidados de sa&uacute;de". Importa, portanto, reflectir sobre o perigo de "doen&ccedil;as inventadas, exageradas ou fomentadas". E esse &eacute; um trabalho que dever&aacute; assentar numa alian&ccedil;a estrat&eacute;gica entre a Sa&uacute;de P&uacute;blica e os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios.

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