Jornal Médico - Utentes aplaudem modelo USF

O inqu&eacute;rito realizado pelo CEISUC, revela que o novo modelo organizativo conquistou o cora&ccedil;&atilde;o dos portugueses. Mais de 80% dos utentes de 146 unidades est&atilde;o satisfeitos com o actual panorama O inqu&eacute;rito realizado pelo Centro de Estudos e Investiga&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de da Universidade de Coimbra - CEISUC -, junto de utentes de unidades de sa&uacute;de familiar, revelou que o novo modelo organizativo conquistou o cora&ccedil;&atilde;o dos portugueses. Mais de 80% dos utentes de 146 unidades est&atilde;o satisfeitos com o actual panorama. Da compara&ccedil;&atilde;o directa com indicadores an&aacute;logos presentes no estudo "A voz dos utilizadores dos centros de sa&uacute;de", desenvolvido em 2003/2004 pelo Instituto da Qualidade em Sa&uacute;de e pelo mesmo CEISUC, verifica-se um aumento em quase todos os indicadores de satisfa&ccedil;&atilde;o. Nessa altura, 38,9% dos utentes n&atilde;o recomendava fortemente o seu m&eacute;dico de fam&iacute;lia aos amigos, com base na experi&ecirc;ncia vivida durante os anteriores doze meses. Os resultados finais da sondagem produzida pelo CEISUC em 2009 - na vertente utentes -, encomendada pela Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios, foram divulgados hoje na USF Sobreda (Almada), numa sess&atilde;o que contou com a presen&ccedil;a de Ana Jorge O estudo sobre a "Monitoriza&ccedil;&atilde;o da Satisfa&ccedil;&atilde;o dos Utilizadores das USF", desenvolvido por uma equipa de liderada por Pedro Lopes Ferreira, do Centro de Estudos e Investiga&ccedil;&atilde;o em Sa&uacute;de da Universidade de Coimbra (CEISUC), revela que 83,5% dos utentes est&atilde;o satisfeitos com a oferta que lhes tem sido disponibilizada pela sua USF (44,5% est&atilde;o bastante satisfeitos e 39% muito satisfeitos). Apenas 13,4% da amostra se declarou pouco satisfeita e 3,1% nada satisfeita (somam-se ainda 8,8% de n&atilde;o respostas). Esta &eacute; a conclus&atilde;o que se pode retirar de um dos indicadores chave recuperado ao Europep - instrumento de avalia&ccedil;&atilde;o da satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes formulado &agrave; escala europeia - neste caso o da satisfa&ccedil;&atilde;o global. Quadro I - Cuidados m&eacute;dicos recebidos na USF A sondagem do CEISUC suportou-se no question&aacute;rio "Qual a sua opini&atilde;o sobre esta Unidade se Sa&uacute;de Familiar (USF)", aplicado in loco nas unidades, durante um &uacute;nico dia de Fevereiro. Foram abrangidos utilizadores de 146 USF abertas at&eacute; Novembro de 2008. Para estas unidades foi enviado um total de 25.725 question&aacute;rios, ou seja, 25 question&aacute;rios por cada m&eacute;dico de fam&iacute;lia (MF) no activo. No total, foram entregues 16.768 question&aacute;rios a utentes e, posteriormente, validados e tratados 12.713 desses impressos. Assim, a taxa global de resposta apurada foi de 75,8%, com nove USF a conseguirem mesmo o pleno (100% de taxa de resposta). Pedro Lopes Ferreira considera que a reforma dos CSP, enquanto acontecimento extraordin&aacute;rio com provas dadas, n&atilde;o pode morrer na praia A amostra obtida constitui-se por 67,5% de mulheres, 32,5% de homens, sendo a classe et&aacute;ria mais representada a dos 35 aos 44 anos, com 21% do total de respostas obtidas. No que respeita ao grau de utiliza&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os, refira-se o facto de a maior parte dos inquiridos serem clientes habituais das USF que avaliavam, j&aacute; que apenas 3% n&atilde;o tinha tido nenhuma consulta nos &uacute;ltimos seis meses (24% tinham recorrido a duas consultas nesse per&iacute;odo, 18% a tr&ecirc;s consultas, 13% a quatro e 17% a mais de seis consultas). Comunica&ccedil;&atilde;o &eacute; altamente elogiada nas USF Num exame por componentes da oferta em sa&uacute;de, entre respostas favor&aacute;veis (bastante satisfeito ou muito satisfeito), a Rela&ccedil;&atilde;o e Comunica&ccedil;&atilde;o no seio das USF colheu a aprova&ccedil;&atilde;o de 88,3% dos utentes, seguindo-se a vari&aacute;vel Cuidados M&eacute;dicos (86%), Informa&ccedil;&atilde;o e Apoio (84%), Continuidade e Coopera&ccedil;&atilde;o (81,7%) e Organiza&ccedil;&atilde;o de Servi&ccedil;os (76,9%). Ao n&iacute;vel da Rela&ccedil;&atilde;o e Comunica&ccedil;&atilde;o, os utentes parecem apreciar, sobretudo, a performance das USF no que toca &agrave; confidencialidade dos processos e envolvimento dos doentes. Quadro II - Satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes com as instala&ccedil;&otilde;es Apesar de ser o indicador com menos expressividade de respostas positivas, o tempo para cuidar percepcionado pelos utentes foi considerado bastante ou muito satisfat&oacute;rio por mais de 80% dos inquiridos. Quando questionados, em particular, sobre como avaliam o tempo em que estiveram com o seu m&eacute;dico, durante as consultas, 30% dos utilizadores dizem-se muito satisfeitos e 51,9% bastantes satisfeitos. Em termos de aprecia&ccedil;&atilde;o da qualidade dos cuidados m&eacute;dicos, foram colocadas quest&otilde;es que permitiram aferir a efectividade terap&ecirc;utica percepcionada, assim como a compet&ecirc;ncia/precis&atilde;o. Dentro dos par&acirc;metros de efectividade, 81,8% da amostra afirmou estar muito ou pelo menos bastante satisfeita com o al&iacute;vio r&aacute;pido de sintomas, alcan&ccedil;ado gra&ccedil;as aos cuidados m&eacute;dicos prestados. Lu&iacute;s Pisco, coordenador da Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios, assinalou o car&aacute;cter hist&oacute;rico desta recolha de opini&otilde;es Do ponto de vista da Informa&ccedil;&atilde;o e Apoio, realce para o facto de 85,4% dos utentes das USF terem apreciado a forma como lhes explicaram os objectivos dos exames e dos tratamentos prescritos. Sucesso onde &eacute; mais importante Na medida em que a reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios sempre ambicionou fazer a diferen&ccedil;a atrav&eacute;s, sobretudo, da reorienta&ccedil;&atilde;o organizacional, tornava-se urgente perceber se os primeiros ind&iacute;cios s&atilde;o animadores. Parece ser esse o caso. A sondagem conduzida pelo CEISUC denuncia, relativamente &agrave; organiza&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os, que h&aacute; raz&otilde;es para enfrentar o futuro com optimismo. Sobre a Acessibilidade e Espera, diga-se que 78% dos utentes das USF garantiram estar bastante ou muito satisfeitos com a facilidade em marcar, na USF, uma consulta que possa resolver o seu problema. Por outro lado, os utentes parecem menos agradados com o tempo que aguardaram na sala de espera. De facto, 44% dos inquiridos afirmou estar pouco satisfeito ou nada satisfeito com os intervalos de tempo a que habitualmente s&atilde;o submetidos, contra os 56% que enalteceram a rapidez no atendimento. Fundamental era tamb&eacute;m perceber o que pensavam os portugueses inscritos em USF, sobre os recursos humanos e as instala&ccedil;&otilde;es que t&ecirc;m ao seu dispor. Para Constantino Sakelalarides, os resultados deste estudo demonstram que est&aacute; em curso uma transforma&ccedil;&atilde;o cultural, na forma como o utente se relaciona com o SNS O saldo &eacute; manifestamente positivo, neste tipo de aprecia&ccedil;&atilde;o, j&aacute; que 89,4% da amostra est&aacute; muito ou bastante satisfeita com os recursos humanos e 88,9% com as instala&ccedil;&otilde;es (componente em que o investimento tem vindo a aumentar, nos &uacute;ltimos anos). As tr&ecirc;s classes profissionais - m&eacute;dicos, enfermeiros e administrativos - marcaram ainda pontos na avalia&ccedil;&atilde;o da compet&ecirc;ncia, cortesia e carinho percepcionados pelos utentes. Os m&eacute;dicos recolheram 91,6% de respostas que apontam para muita ou bastante satisfa&ccedil;&atilde;o, sendo esse valor de 93% para os enfermeiros e de 87,7% para os administrativos. No que toca &agrave;s instala&ccedil;&otilde;es, a satisfa&ccedil;&atilde;o &eacute; bastante ou muita para o conforto em 86,2% das respostas, valor que atinge os 94,7% na limpeza e 85,5% no que concerne ao hor&aacute;rio de atendimento. Quando se perguntou aos utentes se recomendariam fortemente a sua USF a amigos, 87% concordaram ou concordaram muito com esta proposta. Apenas 6% dos utentes n&atilde;o recomendam a sua unidade e 7% preferem n&atilde;o responder a esta pergunta (ou n&atilde;o sabem faz&ecirc;-lo). De relembrar que em 2003/2004, aquando da realiza&ccedil;&atilde;o do estudo "A voz dos utilizadores dos centros de sa&uacute;de", 38,9% dos utentes dos CS n&atilde;o recomendava o servi&ccedil;o e o seu MF aos amigos. Toque humano e sensibilidade para escutar Outros dos dados relevantes que foi poss&iacute;vel apurar, &eacute; o de que os utentes questionados encaram as USF como locais de grande humanidade, pese embora as press&otilde;es t&iacute;picas de um servi&ccedil;o de sa&uacute;de em que se cruzam muitas e diferentes necessidades. Quando lhes foi perguntado de que forma os profissionais das USF se interessavam pelos seus problemas de sa&uacute;de, 40% afirmaram estar muito satisfeitos com o n&iacute;vel de interesse demonstrado e 47,7% bastante satisfeitos. Do mesmo, 90,6% dos utilizadores destes servi&ccedil;os mostraram estar descontra&iacute;dos e &agrave;-vontade para contar os seus problemas ao m&eacute;dico de fam&iacute;lia. V&aacute;rias dezenas de coordenadores de USF assistiram, ao vivo, &agrave; apresenta&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica dos resultados do primeiro grande inqu&eacute;rito nacional de satisfa&ccedil;&atilde;o feito aos utentes daquelas unidades Outra nota de destaque vai para a capacidade de as USF envolverem os pacientes, no processo de gest&atilde;o da sua sa&uacute;de e bem-estar. De facto, a sondagem do CEISUC prova que 89,7% dos utentes sai satisfeito pela maneira como foi envolvido nos cuidados a cargo do m&eacute;dico. Era tamb&eacute;m importante perceber como s&atilde;o ouvidos os utentes nas USF em funcionamento, se s&atilde;o tidas em conta as suas opini&otilde;es e relatos. O inqu&eacute;rito encomendado pela Miss&atilde;o para os Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios permitiu abrir essa porta e confirmou, ali&aacute;s, as expectativas de todos quantos se envolveram na reforma dos CSP: 91,7% dos participantes disseram estar muito ou bastante satisfeitos com a forma como os m&eacute;dicos escutaram as suas palavras. Vozes fundamentadas Na qualidade de principal investigador do estudo do CEISUC, Pedro Lopes Ferreira apresentou na Sobreda alguns dos dados essenciais nascidos desta sondagem. Antes de mais, o acad&eacute;mico real&ccedil;a que a investiga&ccedil;&atilde;o n&atilde;o foi realizada "junto da popula&ccedil;&atilde;o em geral, mas sim de utilizadores experimentados no recurso a USF", o que faz toda a diferen&ccedil;a na credibilidade dos resultados. Depois, Pedro Ferreira classifica a taxa de resposta obtida como "impressionante" e adianta que ficou algo surpreso pelo facto do n&iacute;vel geral de satisfa&ccedil;&atilde;o ser muito elevado, abrangendo quase todos os indicadores. Para al&eacute;m da dimens&atilde;o quantitativa da sondagem, o respons&aacute;vel do CEISUC n&atilde;o esquece a mais-valia que surgir&aacute; associada &agrave; an&aacute;lise qualitativa dos dados, uma vez que foram remetidos 9.106 coment&aacute;rios escritos por utilizadores de USF. Esta informa&ccedil;&atilde;o est&aacute; actualmente a ser processada por uma especialista em an&aacute;lise de conte&uacute;dos e poder&aacute;, em breve, tornar-se um recurso importante para a melhoria da qualidade, dentro de todas as USF alvo de escrut&iacute;nio. Ao destacar a import&acirc;ncia deste estudo, para refor&ccedil;ar o caminho seguindo nos CSP, Pedro Ferreira deixou um alerta: "este acontecimento extraordin&aacute;rio que &eacute; a reforma - como alguns j&aacute; a apelidaram - n&atilde;o pode morrer na praia". J&aacute; Constantino Sakellarides, presidente do Conselho Consultivo para a Reforma dos Cuidados de Sa&uacute;de Prim&aacute;rios (CCRCSP), afirma que se os dados de alguns estudos falam de sucesso, "estes n&atilde;o falam, gritam". Esta evid&ecirc;ncia &eacute; significativa, at&eacute; porque segundo o respons&aacute;vel do CCRCSP, "houve quem procurasse, como muito afinco e vontade, os defeitos desta reforma, sem que os tenha encontrado". Contudo, na &oacute;ptica de Constantino Sakellarides &eacute; inaceit&aacute;vel descansar sobre os louros: "n&atilde;o pudemos ficar agarrados aos resultados deste inqu&eacute;rito. S&atilde;o resultados bem melhores do que poder&iacute;amos esperar e imaginar, mas temos o dever de fazer melhor dentro das organiza&ccedil;&otilde;es". Governo partilha da satisfa&ccedil;&atilde;o A ministra da Sa&uacute;de, Ana Jorge, garantiu na apresenta&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica dos resultados deste inqu&eacute;rito que os mesmos corresponderam &agrave;s melhores expectativas do governo: "as conclus&otilde;es deste estudo validam o novo modelo de organiza&ccedil;&atilde;o e presta&ccedil;&atilde;o de CSP, um modelo que nasce das actuais exig&ecirc;ncias de desenvolvimento da sociedade, partindo das reais necessidades e aspira&ccedil;&otilde;es do cidad&atilde;o. O inqu&eacute;rito confirma a impress&atilde;o emp&iacute;rica que retirei das muitas visitas j&aacute; efectuadas a USF e d&aacute; uma nova dimens&atilde;o &agrave; voz dos utentes". A governante entende, pois, que as iniciativas desenvolvidas nos &uacute;ltimos anos ao n&iacute;vel dos CSP trouxeram a justa recompensa: "sentimos que valeu a pena inovar o modelo de presta&ccedil;&atilde;o de cuidados, romper com a burocracia, agilizar as equipas, confiar na sua capacidade de auto-organiza&ccedil;&atilde;o e apostar na humaniza&ccedil;&atilde;o". Para Ana Jorge, os dados agora conhecidos est&atilde;o imunes a qualquer contamina&ccedil;&atilde;o de d&uacute;vida: "quando 87% dos utilizadores respondem que recomendam a USF a amigos, percebemos que esta reforma segue no sentido certo, no sentido da pessoa como um todo e n&atilde;o apenas como um doente".

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