Jornal Médico - Curso Gestão do Stress Ocupacional: Um embrião para encontros futuros

Decorreu de 6 a 9 de Maio, em Peniche, mais uma Escola de Primavera da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG)... Decorreu de 6 a 9 de Maio, em Peniche, mais uma Escola de Primavera da Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa dos M&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral (APMCG). Bem organizada, bastante participada, foi uma vez mais uma demonstra&ccedil;&atilde;o de empenho, compet&ecirc;ncia e capacidade de trabalho de todos os intervenientes Participei, juntamente com mais catorze colegas, de diferentes pontos do pa&iacute;s e em diferentes fases da sua vida profissional, no Curso de Gest&atilde;o do Stress Ocupacional, que teve como orientadores/formadores o Prof. Dr. Jos&eacute; Carvalho Teixeira (psiquiatra) e a Dra. Filipa Pinto Nunes (psic&oacute;loga cl&iacute;nica). Os objectivos propostos visavam o aprofundamento de conhecimentos sobre as manifesta&ccedil;&otilde;es e modelos de stress laboral, particularmente no que respeita &agrave; pr&aacute;tica cl&iacute;nica; a reflex&atilde;o sobre as experi&ecirc;ncias pessoais; o desenvolvimento de compet&ecirc;ncias pessoais e profissionais de gest&atilde;o do stress ocupacional (&uacute;teis para o m&eacute;dico e para os utentes). No primeiro dia, procurou-se fazer um trabalho de clarifica&ccedil;&atilde;o de conceitos, desconstruindo-se ideias erradamente pr&eacute;-concebidas: de stress muito se fala, por&eacute;m pouco se sabe efectivamente! Como ponto de partida para as actividades que se seguiriam, reconheceu-se o stress como experi&ecirc;ncia subjectiva, enquadrada por uma situa&ccedil;&atilde;o (acontecimento indutor) e por um contexto (confronto com algo ou algu&eacute;m) - dessa experi&ecirc;ncia emergimos sempre diferentes, adaptando-nos positiva ou negativamente num novo estado. Explanaram-se as raz&otilde;es pelas quais se consideram fundamentais os recursos pessoais e o suporte social em situa&ccedil;&otilde;es de stress. Abordaram-se as manifesta&ccedil;&otilde;es mais comuns e fez-se a destrin&ccedil;a entre ansiedade normal e patol&oacute;gica, alertando para o cada vez maior risco de "medicaliza&ccedil;&atilde;o do stress". Nos dias seguintes falou-se de modelos de stress ocupacional, de s&iacute;ndrome de burnout e de estrat&eacute;gias de combate ao desgaste induzido/potenciado por tais situa&ccedil;&otilde;es; reconheceu-se a import&acirc;ncia da assertividade e da gest&atilde;o do tempo, bem como a relev&acirc;ncia dos familiares, colegas e chefias para a resolu&ccedil;&atilde;o de problemas. No caso muito particular dos m&eacute;dicos, ressalvou-se a import&acirc;ncia do confronto entre ocupa&ccedil;&atilde;o e fam&iacute;lia, fronteira muito perme&aacute;vel na qual o stress ocupacional poder&aacute; converter-se, t&atilde;o-somente, num stress de tipo indiferenciado. Muitos temas afins foram abordados ao longo dos quatro dias de trabalhos, constituindo-se como um real potencial formativo. Mas, arrisco diz&ecirc;-lo, mais do que o simples debitar de conceitos e estrat&eacute;gias, que a todos enriqueceram seguramente, este curso teve a mais-valia de criar um novo grupo, em verdadeira uni&atilde;o, que se foi cimentando pela partilha de experi&ecirc;ncias, d&uacute;vidas, receios e anseios pessoais, tantas vezes inconfessados na vida di&aacute;ria de cada um, especialmente no local de trabalho. &Agrave; medida que os dias passavam, crescia o &agrave;-vontade e a confian&ccedil;a, fortaleciam-se os la&ccedil;os, quebravam-se as barreiras. Enfim, comunicou-se em plenitude! Deste entendimento e respeito m&uacute;tuos - feita a avalia&ccedil;&atilde;o final do curso - resultou como corol&aacute;rio, aceite por formadores e formandos, a cria&ccedil;&atilde;o de um grupo embrion&aacute;rio para a realiza&ccedil;&atilde;o de actividades futuras na &aacute;rea da gest&atilde;o do stress ocupacional. Por se ter reconhecido ser esta uma &aacute;rea fundamental e t&atilde;o negligenciada presentemente, cada um se comprometeu (para j&aacute;!) a manter-se em contacto e a promover, a t&iacute;tulo individual e localmente nos seus postos de trabalho, medidas de combate eficazes, procurando ser agentes de mudan&ccedil;a efectiva, ainda que modestos. Concluindo, e creio poder falar por todos quantos nele participaram, este curso constituiu uma experi&ecirc;ncia &uacute;nica e profundamente enriquecedora, recomendando vivamente a participa&ccedil;&atilde;o no mesmo a colegas interessados.

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