Jornal Médico - Curso Actualização em DCV: Participação exclusiva de médicos internos

As doen&ccedil;as cardiovasculares constituem um tema de enorme import&acirc;ncia e pertin&ecirc;ncia, dada a sua grande preval&ecirc;ncia na pr&aacute;tica cl&iacute;nica dos MF... As doen&ccedil;as cardiovasculares (DCV) constituem um tema de enorme import&acirc;ncia e pertin&ecirc;ncia, dada a sua grande preval&ecirc;ncia na pr&aacute;tica cl&iacute;nica dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia (MF). Decorreu, neste &acirc;mbito, o Curso de Actualiza&ccedil;&atilde;o em Doen&ccedil;as Cardiovasculares, integrado na Escola de Primavera de Medicina Familiar da APMCG, tendo sido organizado e leccionado por elementos do N&uacute;cleo de Doen&ccedil;as Cardiovasculares da associa&ccedil;&atilde;o. Este n&uacute;cleo, formado em 2005, &eacute; composto por v&aacute;rios m&eacute;dicos de fam&iacute;lia: Dr. Carlos Canhota, Dra. Helena Febra e Dra. Teresa Lib&oacute;rio, da USF S. Juli&atilde;o (Oeiras), bem como pelo Dr. M&aacute;rio Santos e Dra. Concei&ccedil;&atilde;o Balsinha, da USF Marginal (Cascais) e pela Dra. Helena Oliveira (dos SAMS). O N&uacute;cleo de DCV da APMCG tem desenvolvido v&aacute;rias actividades a n&iacute;vel da forma&ccedil;&atilde;o nesta &aacute;rea, com participa&ccedil;&atilde;o na Escola de Medicina Familiar desde h&aacute; dois anos a esta parte, e em outros eventos, nomeadamente em parceria com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia. S&atilde;o v&aacute;rios os projectos deste n&uacute;cleo... Entre eles, destaque para a cria&ccedil;&atilde;o de um manual de DCV em cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP), que procurar&aacute; organizar os principais temas e apresentar casos cl&iacute;nicos pr&aacute;ticos nesta &aacute;rea, baseando a sua resolu&ccedil;&atilde;o nas normas de orienta&ccedil;&atilde;o cl&iacute;nica (NOC) mais actuais. O Curso de Actualiza&ccedil;&atilde;o em DCV dividiu-se em quatro sess&otilde;es di&aacute;rias, em que foram abordados os principais temas no &acirc;mbito das DCV, de forma din&acirc;mica e interactiva entre os formadores e participantes, na sua totalidade internos de Medicina Geral e Familiar (MGF). Iniciou-se com esclarecimentos sobre a hipertens&atilde;o arterial (HTA), uma das patologias mais prevalentes em Portugal e na consulta do MF. Com base nas &uacute;ltimas NOC da European Society of Cardiology (ESC), foram abordados a avalia&ccedil;&atilde;o da press&atilde;o arterial, diagn&oacute;stico, tratamento e follow-up da HTA e crise hipertensiva (urg&ecirc;ncia vs emerg&ecirc;ncia). De seguida, foi abordada a import&acirc;ncia do risco cardiovascular, tendo como base as escalas de Framingham e SCORE, salientando-se as suas limita&ccedil;&otilde;es e vantagens de aplica&ccedil;&atilde;o na nossa realidade. Foi ainda dado &ecirc;nfase a um importante factor de risco cardiovascular, as dislipid&eacute;mias, com destaque para as prim&aacute;rias, pois embora menos frequentes, n&atilde;o devem ser esquecidas pelo MF, dado o seu risco inerente. Como elemento absolutamente essencial nesta &aacute;rea de interven&ccedil;&atilde;o, as t&eacute;cnicas de motiva&ccedil;&atilde;o fizeram tamb&eacute;m parte da discuss&atilde;o, tendo-se salientado como aspectos fundamentais a avalia&ccedil;&atilde;o da import&acirc;ncia e motiva&ccedil;&atilde;o atribu&iacute;da pelos doentes a uma determinada medida, para a partir da&iacute; se desenvolver um correcto plano de interven&ccedil;&atilde;o e melhor adequa&ccedil;&atilde;o da entrevista. Neste &acirc;mbito, os formadores realizaram um role-playing, extremamente &uacute;til, pois permitiu observar o modo mais adequado de colocar estes conhecimentos e t&eacute;cnicas em pr&aacute;tica, num contexto de entrevista cl&iacute;nica. No segundo dia, outra patologia de grande relev&acirc;ncia foi abordada, a insufici&ecirc;ncia card&iacute;aca, tendo-se discutido aspectos relacionados com o diagn&oacute;stico (cl&iacute;nica e exames complementares) e o correcto plano terap&ecirc;utico, com base em v&aacute;rios casos cl&iacute;nicos. Seguiu-se o tema da fibrilha&ccedil;&atilde;o auricular, onde foi focado o diagn&oacute;stico, o papel do MF no controlo da frequ&ecirc;ncia card&iacute;aca e a import&acirc;ncia da institui&ccedil;&atilde;o de terap&ecirc;utica antitromb&oacute;tica para a preven&ccedil;&atilde;o de eventos tromboemb&oacute;licos. Dando continuidade a esta tem&aacute;tica, abordou-se a quest&atilde;o da anticoagula&ccedil;&atilde;o e antiagrega&ccedil;&atilde;o, onde foi dado destaque aos crit&eacute;rios para a sua inicia&ccedil;&atilde;o, com base nas NOC e consensos mais recentes, bem como esquemas de monitoriza&ccedil;&atilde;o essenciais para o correcto acompanhamento do doente. Constituindo uma das indica&ccedil;&otilde;es para antiagrega&ccedil;&atilde;o, a doen&ccedil;a arterial perif&eacute;rica foi discutida, salientando-se o papel do eco-doppler arterial e exames cl&iacute;nicos para o seu diagn&oacute;stico, bem como a terap&ecirc;utica adequada. O pen&uacute;ltimo dia de curso foi iniciado com o tema da cardiopatia isqu&eacute;mica, bastante prevalente na popula&ccedil;&atilde;o idosa e cada vez a assumir um papel mais importante nos mais jovens, em grande parte pelos estilos de vida actuais, nomeadamente: sedentarismo, obesidade, hipertens&atilde;o arterial e doen&ccedil;a ateroscler&oacute;tica cada vez mais precoce, entre outros. Foram ainda abordados os v&aacute;rios meios complementares de diagn&oacute;stico a serem usados no diagn&oacute;stico deste problema, vantagens, limita&ccedil;&otilde;es e situa&ccedil;&otilde;es que contra-indicam o seu uso, bem como a import&acirc;ncia de estratificar o risco na angina, decidindo consequentemente por tratamento m&eacute;dico e/ou interventivo. De seguida, foi feita uma apresenta&ccedil;&atilde;o extremamente &uacute;til e pertinente para a pr&aacute;tica cl&iacute;nica di&aacute;ria, em que atrav&eacute;s de casos cl&iacute;nicos e de forma muito pr&aacute;tica e simplificada, foram abordadas situa&ccedil;&otilde;es que vulgarmente geram controv&eacute;rsia em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; forma correcta de actua&ccedil;&atilde;o: Grandes idosos, HTA e Dislipid&eacute;mia; Uso de estatinas sem dislipid&eacute;mia; Import&acirc;ncia do &aacute;cido &uacute;rico como marcador de risco cardiovascular; Digoxina - utiliza&ccedil;&atilde;o/manuten&ccedil;&atilde;o; Amiodarona e Fun&ccedil;&atilde;o Tiroideia. Nessa tarde foi uma vez mais abordada a import&acirc;ncia que o exerc&iacute;cio f&iacute;sico tem em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; preven&ccedil;&atilde;o e diminui&ccedil;&atilde;o do risco cardiovascular e j&aacute; no fim do dia, foram mencionados, de uma forma bastante concisa e esclarecedora os crit&eacute;rios de referencia&ccedil;&atilde;o em rela&ccedil;&atilde;o &agrave;s v&aacute;rias patologias cardiovasculares apresentadas desde o in&iacute;cio do curso. Apesar de as realidades hospitalares e as experi&ecirc;ncias de referencia&ccedil;&atilde;o serem bastante diferentes de regi&atilde;o para regi&atilde;o, parece-nos extremamente importante a tentativa de uniformiza&ccedil;&atilde;o desses crit&eacute;rios. Nesta sequ&ecirc;ncia, foi apresentado um caso cl&iacute;nico pela nossa colega Carolina Rezende, interna de 3&ordm;ano de MGF na USF S.Juli&atilde;o (Oeiras), que integrou recentemente o N&uacute;cleo de DCV da APMCG. O &uacute;ltimo dia de curso teve como prelector o Dr. Ant&oacute;nio Freitas, cardiologista convidado do Hospital Fernando Fonseca, que apresentou uma sess&atilde;o extremamente &uacute;til e pedag&oacute;gica sobre os v&aacute;rios exames usados em cardiologia e mais vulgarmente pedidos nos CSP, suas indica&ccedil;&otilde;es e crit&eacute;rios de avalia&ccedil;&atilde;o de cada exame. Em jeito de conclus&atilde;o e, enquanto m&eacute;dicas internas, consideramos que este curso foi de extrema utilidade pois contribuiu, sem d&uacute;vida, para a organiza&ccedil;&atilde;o e sedimenta&ccedil;&atilde;o dos nossos conhecimentos nesta &aacute;rea das patologias cardiovasculares. Deste modo, resta-nos agradecer, aos elementos do N&uacute;cleo de DCV da APMCG, pelo excelente empenho, disponibilidade e contributo para a nossa forma&ccedil;&atilde;o, bem como aos colegas internos que partilharam este curso connosco, pela participa&ccedil;&atilde;o activa e troca de experi&ecirc;ncias, fundamental para a constante melhoria dos conhecimentos e da pr&aacute;tica cl&iacute;nica.

Terceiro espaço

Mais lidas