Jornal Médico - Qualificar recursos diminui contratempos

Num ano em que se t&ecirc;m multiplicado as iniciativas evocativas dos 30 anos do SNS, h&aacute; um elemento comum... Num ano em que se t&ecirc;m multiplicado as iniciativas evocativas dos 30 anos do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de, h&aacute; um elemento comum a assinalar nos discursos e declara&ccedil;&otilde;es das principais figuras que produzem pensamento sobre a evolu&ccedil;&atilde;o hist&oacute;rica da Sa&uacute;de em Portugal: se o sistema p&uacute;blico de presta&ccedil;&atilde;o de cuidados funciona, tal deve-se, em grande medida, aos profissionais que nele interv&ecirc;m. Por isso, assegurar o futuro pressup&otilde;e quadros continuamente actualizados e uma nova gera&ccedil;&atilde;o de agentes da Sa&uacute;de preparada a preceito, sem precipita&ccedil;&otilde;es ou erros de planeamento A sustentabilidade do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de (SNS) sempre esteve dependente, n&atilde;o s&oacute; dos fluxos de financiamento, mas tamb&eacute;m directamente (e talvez ainda mais) da renova&ccedil;&atilde;o dos seus quadros de profissionais altamente qualificados. Em particular dos m&eacute;dicos... Grupo onde a m&eacute;dia et&aacute;ria &eacute; hoje perigosamente elevada. Na g&eacute;nese deste problema, est&aacute; o facto de as autoridades terem decidido, a dado passo, restringir muito o n&uacute;mero de vagas da licenciatura em Medicina, decis&atilde;o que originou perturba&ccedil;&otilde;es subsequentes na planifica&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os de sa&uacute;de, que ainda hoje se mant&ecirc;m. Esta circunst&acirc;ncia s&oacute; agora come&ccedil;a a revelar o seu verdadeiro potencial de risco, com as dificuldades em substituir rapidamente um grande n&uacute;mero de m&eacute;dicos de Cl&iacute;nica Geral, que optou pela aposenta&ccedil;&atilde;o. Alberto Amaral, presidente do conselho de administra&ccedil;&atilde;o da Ag&ecirc;ncia de Avalia&ccedil;&atilde;o e Acredita&ccedil;&atilde;o do Ensino Superior (AAAES) e director do Centro de Investiga&ccedil;&atilde;o de Pol&iacute;ticas de Ensino Superior, recorda o que se passou: "como &eacute; habitual no nosso pa&iacute;s, reagiu-se de forma exagerada. Operou-se uma diminui&ccedil;&atilde;o dr&aacute;stica dos alunos com entrada no 1&ordm; ano do curso de Medicina, em resposta aos excessos de forma&ccedil;&atilde;o verificados no p&oacute;s-25 de Abril. Os governos come&ccedil;aram recentemente a lidar com a situa&ccedil;&atilde;o inversa (falta de m&eacute;dicos), mas apenas intervieram quando o problema j&aacute; se tornara uma realidade incontorn&aacute;vel. Esquecem-se que para formar um m&eacute;dico s&atilde;o necess&aacute;rios muitos anos!". O mesmo especialista adianta que noutros segmentos da for&ccedil;a de trabalho, como sejam a Medicina Dent&aacute;ria, a Enfermagem ou as Tecnologias da Sa&uacute;de, se observa o panorama inverso, gra&ccedil;as &agrave; prolifera&ccedil;&atilde;o, quase descontrolada, de novos cursos e de uma m&atilde;o-de-obra que &eacute; hoje claramente excedent&aacute;ria. "A li&ccedil;&atilde;o a retirar de tudo isto &eacute; simples: &eacute; vital planear com tempo. Penso, inclusive, que os ministros da Ci&ecirc;ncia, Tecnologia e Ensino Superior e da Sa&uacute;de se deveriam reunir - pelo menos uma vez por ano - com o prop&oacute;sito explicito de tomar decis&otilde;es nesta mat&eacute;ria". Melhoria de aptid&otilde;es come&ccedil;a no patamar regional Requalificar recursos humanos no SNS &eacute; uma meta que depende, n&atilde;o s&oacute; de pol&iacute;ticas e directrizes de abrang&ecirc;ncia nacional, mas tamb&eacute;m de ac&ccedil;&otilde;es desenvolvidas num patamar local e regional. Em Tr&aacute;s-os-Montes, trabalha-se nesse sentido, atrav&eacute;s de um programa de forma&ccedil;&atilde;o em exerc&iacute;cio que envolve a quase totalidade dos profissionais dos centros de sa&uacute;de (CS). Outra aposta fundamental &eacute; a inser&ccedil;&atilde;o, nos CS, de novos perfis profissionais, na tentativa de fomentar uma verdadeira equipa multidisciplinar de cuidados. Berta Nunes, directora executiva do ACES Nordeste A directora executiva do Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de (ACES) Nordeste, Berta Nunes, frisa que a entrada em cena de fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais, psic&oacute;logos, nutricionistas e outros grupos profissionais, permitir&aacute; "dar a resposta de proximidade que at&eacute; agora n&atilde;o existia. De facto, &eacute; muito &uacute;til que, por exemplo os psic&oacute;logos, estejam integrados nos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, algo que n&atilde;o impede a sua presen&ccedil;a, em simult&acirc;neo, nos servi&ccedil;os hospitalares da regi&atilde;o". Relativamente ao programa de requalifica&ccedil;&atilde;o encetado na regi&atilde;o, Berta Nunes salienta que este se divide por "curtos ciclos de forma&ccedil;&atilde;o, centrados em compet&ecirc;ncias pr&aacute;ticas fundamentais. Por exemplo, os psic&oacute;logos receberam forma&ccedil;&atilde;o sobre como transmitir m&aacute;s not&iacute;cias". Esta pro-actividade passar&aacute; a ser marca distintiva do novo ACES Nordeste, no campo da forma&ccedil;&atilde;o, como em outros, declara Berta Nunes: "queremos ser um ACES de refer&ecirc;ncia dentro do SNS, dotado de autonomia e centrado nas pessoas".

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