Jornal Médico - Mudança que corresponde às expectativas

A resposta dada pelos profissionais de sa&uacute;de no movimento de cria&ccedil;&atilde;o de unidades de sa&uacute;de familiar... A resposta dada pelos profissionais de sa&uacute;de no movimento de cria&ccedil;&atilde;o de unidades de sa&uacute;de familiar, assim como os recentes estudos de satisfa&ccedil;&atilde;o realizados naquelas unidades a t&eacute;cnicos e utentes n&atilde;o deixam margem para d&uacute;vidas: a reforma dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios, longamente adiada, congrega agora apoios de todos os sectores. Para escorar as conquistas, &eacute; preciso manter o &acirc;nimo elevado, atrav&eacute;s de investimento permanente em melhores condi&ccedil;&otilde;es de trabalho e equipas qualificadas Ao longo da d&eacute;cada 90, &agrave; medida que o parque hospitalar se alargava e se envolvia num processo quase impar&aacute;vel de especializa&ccedil;&atilde;o, os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios (CSP) entraram numa era de estabiliza&ccedil;&atilde;o. Fez-se uso das compet&ecirc;ncias e dos equipamentos acumulados em anos anteriores e, sobretudo, da vaga de especialistas em Cl&iacute;nica Geral que o pa&iacute;s conseguiu produzir, nos anos subsequentes ao surgimento do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de (SNS). Foi precisamente nessa fase hist&oacute;rica que uma larga fatia dos m&eacute;dicos de fam&iacute;lia hoje no activo, recebeu a sua forma&ccedil;&atilde;o, num clima que valorizava a import&acirc;ncia da Medicina Familiar e da proximidade de cuidados (Alma-Ata estava ainda bem presente no esp&iacute;rito de todos). Da&iacute; que, para estes profissionais de sa&uacute;de, os anos 90 e os sucessivos impasses na revaloriza&ccedil;&atilde;o dos CSP se tenham revelado frustrantes. "Tornou-se not&oacute;ria, nessa d&eacute;cada, a disson&acirc;ncia entre pessoas contaminadas pelo esp&iacute;rito de mudan&ccedil;a e uma organiza&ccedil;&atilde;o arcaica, incapaz de responder aos anseios de quem actuava no SNS", aponta Constantino Sakellarides. O director da Escola Nacional de Sa&uacute;de P&uacute;blica (ENSP) e presidente do Conselho Consultivo para a Reforma dos CSP garante mesmo que os anteriores processos de reestrutura&ccedil;&atilde;o dos CSP ca&iacute;ram por terra porque "n&atilde;o existia um forte apoio social de base". Constantino Sakellarides est&aacute; convencido de que a reforma s&oacute; foi retomada gra&ccedil;as &agrave; jun&ccedil;&atilde;o, no presente, de tr&ecirc;s factores: vontade pol&iacute;tica, um grupo de miss&atilde;o com uma din&acirc;mica activa e o enorme grau de participa&ccedil;&atilde;o dos profissionais dos centros de sa&uacute;de. USF prestigiam SNS junto da classe m&eacute;dia De acordo com o presidente do Conselho Consultivo para a Reforma dos CSP, a espinha dorsal da actual reforma do sector passa pelo surgimento das unidades de sa&uacute;de familiar (USF), enquanto c&eacute;lulas de trabalho dotadas de autonomia, com capacidade para gerirem a sua pr&oacute;pria oferta - de acordo com boas pr&aacute;ticas de planeamento e conhecimento aprofundado das popula&ccedil;&otilde;es. De certa forma, para Constantino Sakellarides estas equipas podem at&eacute; ser vistas como uma t&aacute;bua de salva&ccedil;&atilde;o para o SNS: "as USF tiveram o m&eacute;rito de recuperar a classe m&eacute;dia para o SNS, afinal de contas a classe que sempre pagou o sistema. Aqui falamos das pessoas que anteriormente hesitavam, de cada vez que as obrigavam a esperar em filas ou lhes impediam o acesso a cuidados de que careciam". Face a este cen&aacute;rio de manifestos ganhos, o director da ENSP acredita ser da m&aacute;xima import&acirc;ncia separar o trigo do joio e n&atilde;o enganar os portugueses com simulacros: "perderemos o esp&iacute;rito de transforma&ccedil;&atilde;o e de mudan&ccedil;a se chamarmos a determinadas coisas algo que elas n&atilde;o s&atilde;o, na realidade. Refiro-me, obviamente, &agrave;s USF que n&atilde;o o s&atilde;o, mas que algu&eacute;m achou por bem designar como tal". Os perigos continuam a espreitar, para a reforma dos CSP, numa fase t&atilde;o precoce do seu desenvolvimento. Como tal, &eacute; imprescind&iacute;vel que todos (utentes, profissionais de sa&uacute;de, decisores pol&iacute;ticos e administrativos, acad&eacute;micos, l&iacute;deres da opini&atilde;o p&uacute;blica) peguem nesta bandeira. "Ser&aacute; que estamos num pa&iacute;s capaz de acarinhar e apoiar esta reforma? Espero bem que sim!", desabafa Constantino Sakellarides.

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