Jornal Médico - Cuidados Continuados cada vez mais domésticos

&Eacute; uma das mais significativas conquistas do SNS, nos &uacute;ltimos dez anos. A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados... &Eacute; uma das mais significativas conquistas do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de, nos &uacute;ltimos dez anos. A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados est&aacute; em pleno crescimento e espelha bem a tentativa de se adaptar o pa&iacute;s &agrave;s novas necessidades da popula&ccedil;&atilde;o, cada vez mais envelhecida e dependente. Ap&oacute;s a fase de arranque, &eacute; fundamental que a rede chegue cada vez mais perto da casa dos portugueses, tamb&eacute;m com a ajuda dos profissionais que trabalham nos centros de sa&uacute;de A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), desenvolvida nos &uacute;ltimos tr&ecirc;s anos, procura dar respostas a uma &aacute;rea de interven&ccedil;&atilde;o que ao longo de d&eacute;cadas se manteve deficit&aacute;ria no seio do Servi&ccedil;o Nacional de Sa&uacute;de (SNS). Para o Padre V&iacute;tor Mel&iacute;cias - presidente da Mesa da Assembleia Geral das Miseric&oacute;rdias Portuguesas - &eacute; essencial que nesta fase de desenvolvimento da rede, todos estejam em sintonia, independentemente da origem dos esfor&ccedil;os: "os sectores p&uacute;blico, privado e social, devem ter hoje pap&eacute;is convergentes, n&atilde;o opostos. &Eacute; preciso que trabalhem de maneira complementar". No per&iacute;odo que se seguiu a 25 de Abril, os sistemas de sa&uacute;de e de apoio social foram ganhando consist&ecirc;ncia entre n&oacute;s, evoluindo em paralelo com as estruturas da vida democr&aacute;tica. Por&eacute;m, na perspectiva de V&iacute;tor Mel&iacute;cias, determinados v&iacute;cios do per&iacute;odo p&oacute;s revolucion&aacute;rio ainda persistem: "quando se fala de democracia, as pessoas entendem-na, muitas vezes, como a democracia do Estado e n&atilde;o a democracia do povo e da sociedade em geral. &Eacute; verdade que a integra&ccedil;&atilde;o entre sectores (p&uacute;blico, privado e social) no sistema de assist&ecirc;ncia social tem dados passos positivos, mas h&aacute; ainda mito por fazer. Felizmente, a nova Lei dos Cuidados Continuados tem a felicidade de fazer a pedagogia da integra&ccedil;&atilde;o, da solidariedade, da inter-ajuda entre institui&ccedil;&otilde;es". Para o dirigente da Uni&atilde;o das Miseric&oacute;rdias &eacute; necess&aacute;rio evitar, com for&ccedil;as redobradas, a concentra&ccedil;&atilde;o da assist&ecirc;ncia aos doentes no dom&iacute;nio estatal. Para mais, quando se lida com um pa&iacute;s no qual "ainda vigora a tradi&ccedil;&atilde;o de centralizar quase tudo no Estado". Ao perspectivar o futuro, V&iacute;tor Mel&iacute;cias vislumbra uma RNCCI mais abrangente e pr&oacute;xima das pessoas: "h&aacute; que domiciliar muitos dos cuidados agora oferecidos. A grande maioria deles deve ser feita em casa do doente, beneficiando do apoio proporcionado pelas redes de afecto". Por &uacute;ltimo, o representante da Uni&atilde;o das Miseric&oacute;rdias deixou um recado a todos os respons&aacute;veis dos Minist&eacute;rios da Sa&uacute;de e do Trabalho e Solidariedade Social, no sentido de promoverem uma maior interliga&ccedil;&atilde;o e busca de objectivos comuns: "n&atilde;o olhem para as institui&ccedil;&otilde;es da sociedade civil como estranhas, irrespons&aacute;veis. Conhe&ccedil;o-as bem e sei que isso n&atilde;o &eacute; verdade". Perante o alerta, o secret&aacute;rio de Estado da Sa&uacute;de, Francisco Ramos, respondeu com a garantia de que as autoridades estatais apreciam e encorajam as iniciativas vindas de entidades privadas e sociais: "&eacute; preciso n&atilde;o esquecer que jamais ter&iacute;amos chegado onde chegamos, sem o trabalho das miseric&oacute;rdias". Equipas domicili&aacute;rias ter&atilde;o de crescer Cristina Correia, enfermeira, membro do Conselho Cl&iacute;nico do Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de (ACES) Cac&eacute;m/Queluz, frisa que j&aacute; foram referenciadas 32.572 pessoas dependentes para a RNCCI. "A rede conta hoje com 3400 camas, nas suas diversas tipologias", declara Cristina Correia. A enfermeira Cristina Correia lembra que o elevado n&uacute;mero de altas para o dom&iacute;cilio imp&otilde;e, &agrave; RNCCI, a cria&ccedil;&atilde;o de um maior n&uacute;mero de equipas que se possam deslocar a casa do dependente &Agrave; medida que a expans&atilde;o da rede se verifica, torna-se evidente a orienta&ccedil;&atilde;o que esta deve tomar, com vista a melhor responder aos desafios colocados pela comunidade. Talvez a principal pedra de toque da rede seja, hoje, a domicilia&ccedil;&atilde;o; o aproximar do dispositivo de cuidados &agrave; casa do dependente. "Chamo a aten&ccedil;&atilde;o para o facto de 80% dos doentes que recebem actualmente alta da rede irem para casa. Trata-se de uma forte motiva&ccedil;&atilde;o para aumentar as equipas que actuam no domic&iacute;lio", esclarece a enfermeira do ACES Cac&eacute;m/Queluz. Na &oacute;ptica de Francisco Ramos, &eacute; importante n&atilde;o perder de vista qu&atilde;o especial &eacute; esta RNCCI, sobretudo pelo potencial de mudan&ccedil;a que implica em outros sectores de actua&ccedil;&atilde;o do SNS: "&eacute; sem, sem d&uacute;vida, uma reforma fundamental, que mexe e muito com os hospitais e os centros de sa&uacute;de, nomeadamente por via da referencia&ccedil;&atilde;o".

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