Jornal Médico - E avança com candidatura a USF

Dentro em breve, o Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o dever&aacute; transformar-se numa unidade de sa&uacute;de familiar... Dentro em breve, o Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o dever&aacute; transformar-se numa unidade de sa&uacute;de familiar. J&aacute; existe um princ&iacute;pio de acordo entre a Administra&ccedil;&atilde;o Regional de Sa&uacute;de (ARS) do Norte e a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto nesse sentido. A liga&ccedil;&atilde;o &agrave; faculdade mant&eacute;m-se. Ali&aacute;s, essa &eacute; uma das condi&ccedil;&otilde;es da equipa do S&atilde;o Jo&atilde;o, onde todos os m&eacute;dicos s&atilde;o professores universit&aacute;rios de Medicina Geral e Familiar Est&atilde;o em curso as negocia&ccedil;&otilde;es para a passagem do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o - tamb&eacute;m conhecido por Projecto Tubo de Ensaio - para USF Modelo B. O an&uacute;ncio foi feito pelo director executivo do Agrupamento de Centros de Sa&uacute;de (ACES) Porto Ocidental, Rui Med&oacute;n, por ocasi&atilde;o da cerim&oacute;nia comemorativa dos 10 anos da inaugura&ccedil;&atilde;o do centro de sa&uacute;de. De acordo com o respons&aacute;vel do ACES, "estamos todos de parab&eacute;ns. N&atilde;o s&oacute; os profissionais, mas todos os alunos de Medicina e internos de MGF que passaram por c&aacute; e contribu&iacute;ram para esta realidade. O Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o &eacute; um exemplo em termos da melhoria dos cuidados de sa&uacute;de na cidade do Porto. Como centro de forma&ccedil;&atilde;o pr&eacute; e p&oacute;s-graduada e de investiga&ccedil;&atilde;o na &aacute;rea dos cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios constitui uma refer&ecirc;ncia junto das outras unidades funcionais do ACES" A passagem do centro de sa&uacute;de para unidade de sa&uacute;de familiar n&atilde;o encerra, na opini&atilde;o daquele respons&aacute;vel, qualquer problema. "Vejo com muito agrado a oportunidade de poder contar com uma unidade com o passado do CS de S&atilde;o Jo&atilde;o", afirmou. "Os resultados em sa&uacute;de, as metas e os objectivos que se propuseram atingir s&atilde;o excelentes, tanto na &aacute;rea dos programas de sa&uacute;de como em termos financeiros. N&atilde;o penso que haja qualquer dificuldade na sua evolu&ccedil;&atilde;o para USF Modelo B. Pelo contr&aacute;rio, as outras unidades do ACES ter&atilde;o muito a aprender com esta equipa". Tamb&eacute;m Pimenta Marinho, vogal do conselho de administra&ccedil;&atilde;o da ARS Norte aponta o Tubo de Ensaio como uma refer&ecirc;ncia para os m&eacute;dicos de fam&iacute;lia, os cuidados de sa&uacute;de prim&aacute;rios e a popula&ccedil;&atilde;o. "&Eacute; um projecto que nos orgulha a todos e cuja evolu&ccedil;&atilde;o nos permitiu aprender e chegar onde estamos hoje". Relativamente ao processo de transforma&ccedil;&atilde;o do S&atilde;o Jo&atilde;o numa USF, Pimenta Marinho n&atilde;o quer arriscar uma data mas l&aacute; vai dizendo... "estamos a trabalhar nisso" e "o acordo est&aacute; garantido". Liga&ccedil;&atilde;o &agrave; Faculdade de Medicina mant&eacute;m-se O Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o est&aacute; integrado no Departamento de Cl&iacute;nica Geral, uma entidade com autonomia administrativa e financeira, da Faculdade de Medicina do Porto. A sua passagem para USF Modelo B implica, entre outros, a altera&ccedil;&atilde;o do modelo de financiamento por capita&ccedil;&atilde;o que vigorou at&eacute; aqui. Mas, como diz o Prof. Dr. Alberto Pinto Hespanhol, respons&aacute;vel do CS, "n&atilde;o podemos ser uma experi&ecirc;ncia a vida toda". A passagem para USF &eacute; encarada mesmo como um processo natural pelo Prof. Dr. Frey Ramos, m&eacute;dico de fam&iacute;lia e docente. "O Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o foi, de certa maneira, uma experi&ecirc;ncia precursora das unidades de sa&uacute;de familiar", explicou ao nosso jornal. "Neste momento, penso que n&atilde;o haver&aacute; uma grande diferen&ccedil;a entre aquilo que &eacute; feito aqui e as USF Modelo B". Quanto &agrave; vertente de ensino e investiga&ccedil;&atilde;o, "uma das condi&ccedil;&otilde;es ser&aacute; a continua&ccedil;&atilde;o da liga&ccedil;&atilde;o &agrave; Faculdade de Medicina do Porto" e nesse aspecto tamb&eacute;m n&atilde;o se prev&ecirc;em grandes dificuldades. Segundo o Prof. Agostinho Marques, director da faculdade, "a passagem do CS de S&atilde;o Jo&atilde;o para unidade de sa&uacute;de familiar n&atilde;o altera praticamente nada". Na sua perspectiva, "vai acontecer o que j&aacute; sucedeu, h&aacute; d&eacute;cadas, com os hospitais universit&aacute;rios. Nomeadamente, com o Hospital de S&atilde;o Jo&atilde;o, que tamb&eacute;m pertenceu &agrave; Faculdade de Medicina. Mas essa situa&ccedil;&atilde;o evoluiu e, hoje, &eacute; uma estrutura completamente aut&oacute;noma. Em rela&ccedil;&atilde;o ao Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o vai acontecer exactamente o mesmo". Explicando a raz&atilde;o desta mudan&ccedil;a, o Prof. Agostinho Marques salienta que, no final dos anos 90, quando o CS de S&atilde;o Jo&atilde;o foi criado, "os estudantes de Medicina que estagiavam nos centros de sa&uacute;de eram bem acolhidos, de facto, mas um pouco por favor. Este centro de sa&uacute;de foi realmente pioneiro na medida em que foi aqui que surgiu a ideia de institucionalizar o ensino como algo de direito, ao mesmo tempo que se mantinha a assist&ecirc;ncia &agrave; popula&ccedil;&atilde;o". A equipa encarregar-se-ia de demonstrar que "era poss&iacute;vel fazer ambas as coisas". Com efeito, o CS apresentou sempre excelentes indicadores no que diz respeito ao n&uacute;mero de consultas, taxas de cobertura, consultas e enfermagem domicili&aacute;ria, cobertura dos grupos de risco, entre muitos outros. Por outro lado, "mostrou que todos os trabalhadores, no seu conjunto, eram capazes de delinear e desenvolver, eles pr&oacute;prios, as suas linhas de rumo". Algo absolutamente inovador, como o Prof. Agostinho Marques faz quest&atilde;o de recordar: "Naquela altura, os centros de sa&uacute;de eram institui&ccedil;&otilde;es verticais, com direc&ccedil;&otilde;es administrativas, onde os trabalhadores n&atilde;o tinham participa&ccedil;&atilde;o. A experi&ecirc;ncia do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o foi t&atilde;o bem sucedida que, hoje, todas as USF t&ecirc;m autonomia organizativa. &Eacute; dif&iacute;cil encontrar uma prova de sucesso igual!". Quem nasce torto... Para o "pai" do Projecto Tubo de Ensaio tudo come&ccedil;ou, n&atilde;o em 1999, mas em 1985. No entanto, haveriam de passar 14 anos at&eacute; que algu&eacute;m lhe desse ouvidos. A aposta visava criar uma organiza&ccedil;&atilde;o diferente e isso, no nosso pa&iacute;s, n&atilde;o se tolerava. "Tudo tinha que ser uniformizado e, de prefer&ecirc;ncia, metido numa categoria e num espartilho inventado por um qualquer burocrata, em Lisboa", critica o Prof. Sousa Pinto, salientando que a raz&atilde;o da exist&ecirc;ncia do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o assenta, n&atilde;o numa necessidade da faculdade de Medicina mas da popula&ccedil;&atilde;o portuguesa "que precisa de ter um centro de sa&uacute;de universit&aacute;rio". S&oacute; que, h&aacute; 24 anos, ningu&eacute;m o entendia. Pelo contr&aacute;rio, "toda a gente achava que os centros de sa&uacute;de deviam ser organizados &agrave; maneira dos m&eacute;dicos, da mesma maneira que a Administra&ccedil;&atilde;o P&uacute;blica deveria ser organizada de acordo com as necessidades dos funcion&aacute;rios e n&atilde;o dos cidad&atilde;os, uns sujeitos a quem era preciso fazer esperar e tratar mal, mostrando assim o poder da Administra&ccedil;&atilde;o. Demorei, de facto, 14 anos at&eacute; conseguir que algu&eacute;m me entendesse. Mas a equipa admir&aacute;vel que aqui se reuniu demonstrou que as organiza&ccedil;&otilde;es direccionadas para o utente resultam melhor". A partir de agora, "n&atilde;o sei at&eacute; que ponto o Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o poder&aacute; continuar a ser diferente. Veremos...Mas como se costuma dizer, quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita...O Projecto Tubo de Ensaio nasceu torto e oxal&aacute; continue assim por muitos anos..." Profissionais encaram a mudan&ccedil;a com optimismo Nas comemora&ccedil;&otilde;es dos 10 anos do Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o, o Prof. Dr. Pinto Hespanhol cedeu a palavra a um painel constitu&iacute;do por representantes de todos os grupos profissionais e tamb&eacute;m dos utentes, que falaram livremente da sua experi&ecirc;ncia. A mudan&ccedil;a foi o tema predominante das diversas interven&ccedil;&otilde;es. Como referiu o psic&oacute;logo Miguel Ricou, "mudar &eacute; sempre dif&iacute;cil e por isso mesmo as pessoas tentam faz&ecirc;-lo quando est&atilde;o em dificuldades ou porque est&atilde;o em sofrimento. Ora, n&oacute;s, no Centro de Sa&uacute;de de S&atilde;o Jo&atilde;o, temos sido muito felizes...". Ent&atilde;o, mudar para qu&ecirc;? "Sem d&uacute;vida, porque existem ciclos a ser cumpridos, porque as institui&ccedil;&otilde;es s&atilde;o din&acirc;micas e a vida, em si, ou muda ou acaba". As dificuldades que o Projecto Tubo de Ensaio teve que ultrapassar ao longo dos &uacute;ltimos anos, foram tamb&eacute;m evocadas. Mas, como apontou o secret&aacute;rio cl&iacute;nico Paulo Santos, "conseguimos fazer um trabalho de qualidade, reconhecido tanto internamente como pelos utentes, a quem procuramos prestar um servi&ccedil;o de excel&ecirc;ncia". Os v&aacute;rios inqu&eacute;ritos de satisfa&ccedil;&atilde;o dos utentes demonstram que esse objectivo foi plenamente atingido. De tal forma que o Eng&ordm; Manuel Correia de S&aacute;, utente do centro de sa&uacute;de, considera que o S&atilde;o Jo&atilde;o "&eacute;, n&atilde;o s&oacute; uma refer&ecirc;ncia para a cidade do Porto, como tamb&eacute;m para o pa&iacute;s".

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