Jornal Médico - Balanço da greve: Primeiro dia termina com adesão entre 85% e 95%

O primeiro dia da greve nacional dos médicos teve uma adesão próxima dos 85% nos cuidados de saúde primários (CSP) e de quase 95% nos blocos operatórios. Durante a manhã, os principais hospitais do país encontravam-se encerrados e as consultas externas canceladas. Mais tarde, por volta das 13:00, o cenário confirmava-se com a adesão a nível nacional a rondar os 90% nos blocos operatórios e a chegar aos 100% em alguns locais, com os representantes sindicais a afirmarem que “centenas de médicos asseguram serviços mínimos como se de um fim de semana se tratasse”. Já nas consultas externas hospitalares a adesão chegou aos 75%, enquanto nos CSP rondou os 85%. Da parte da tarde, os médicos fizeram uma concentração junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa, e durante o protesto adaptaram a música italiana “Bella Ciao” à figura do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, cantando “Berto ciao, Berto ciao, Berto ciao, ciao, ciao”. A iniciativa contou com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista Português. O próprio bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, também participou na paralisação, referindo que a greve é “apenas um grito de alerta e um primeiro passo” na demonstração de descontentamento por parte dos vários profissionais. No caso das estruturas sindicais que convocaram o protesto, as críticas dirigidas ao ministro da Saúde foram ainda mais fortes, com o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), João Proença, a acusar o governante de “cinismo político puro” depois de Adalberto Campos Fernandes ter dito que compreendia as reivindicações dos médicos. Já o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Paulo Roque da Cunha, acusou o ministro da Saúde de “fugir da realidade” e das negociações com os sindicatos e pediu-lhe que “não seja Centeno”, referindo-se ao ministro das Finanças, Mário Centeno. O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), Rui Nogueira, chegou a pedir a substituição do ministro da Saúde, por um ministro que defenda o Serviço Nacional de Saúde (SNS). No sul do país, os hospitais de Faro e Portimão paralisaram, garantindo apenas os serviços mínimos para as cirurgias de urgência ou oncológicas. No Alentejo, várias consultas e cirurgias foram adiadas, tanto nos hospitais como nos centros de saúde, registando-se uma adesão média de 86%, segundo informa à agência Lusa uma fonte sindical. De acordo com a mesma fonte, a adesão à paralisação nos hospitais e centros de saúde do Alentejo rondou os 92% no litoral alentejano, 87% no distrito de Portalegre, 83% no distrito de Évora e nos 81% no distrito de Beja. Nas ilhas, a greve dos médicos obrigou ao cancelamento de consultas no Hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, enquanto na Madeira a adesão rondou os 70%, chegando aos 100% no bloco operatório do Hospital Central do Funchal, a funcionar apenas com os serviços mínimos.

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