Jornal Médico - Covid-19: barómetro 19 mostra redução de medidas de proteção

A diretora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Carla Nunes, revelou que o barómetro Covid-19 mostra a existência de uma alteração de comportamentos por parte dos portugueses, nomeadamente a redução de medidas de proteção, consistente com o período do desconfinamento. Na sessão do INFARMED sobre a situação epidemiológica em Portugal, que se realizou hoje, segundo o “Barómetro Covid-19: opinião social”, que teve como período de análise os dias entre 31 de março de 2020 e 2 de abril de 2021, verifica-se uma redução de adoção de medidas de proteção, em particular na última quinzena analisada, em que o número de respondentes que refere ter estado num grupo de 10 ou mais pessoas, nas últimas duas semanas, passou de 4,9% para 7,5%, conforme nota enviada. Neste mesmo período de tempo, 41,5% dos participantes referiu ser difícil ou muito difícil evitar visitar amigos e familiares, o que corresponde a um aumento de 7,1% relativamente à quinzena anterior. Para 33.3% dos respondentes, foi também difícil ou muito difícil ficar em casa (mais 5.6% que na última quinzena). Relativamente à utilização da máscara, os valores registaram igualmente um aumento no mesmo período, com 14,5% de pessoas a referir dificuldade ou muita dificuldade na adoção desta medida, representando um aumento de 7% relativamente ao período anterior. No que diz respeito à perceção de segurança e eficácia das vacinas, “os resultados não revelam alterações substanciais no padrão de resposta” nem demonstram “evidência do impacto para o plano de vacinação”, apesar de existir um aumento da percentagem de pessoas, de 1,7% para 7,8%, que responde que não irá tomar a vacina. Estes valores aproximam-se dos registados em outubro de 2020. As pessoas que apresentam uma maior resistência à toma das vacinas são pessoas mais jovens, que perderam parte ou totalidade do seu rendimento, que demonstram baixa confiança nos serviços de saúde e que consideram a informação das autoridades de saúde pouco clara e inconsistente. Carla Nunes salientou ainda na sessão do INFARMED, que cerca de 10% dos respondentes está hesitante quanto à toma da vacina, sendo importante disponibilizar informações que respondam às suas necessidades e preocupações. Por fim, a diretora da ENSP destacou que a “observação das variações das áreas críticas ao longo da pandemia permite identificar padrões que podem indicar possíveis fatores – por exemplo, densidade populacional, desemprego, ou zonas rurais vs zonas urbanas – que influenciam o aparecimento ou transmissão da infeção”. A análise apresentada mostra que se observaram variações ao longo da pandemia em todo o país, no entanto, quando a análise é feita por períodos de tempo, apenas é possível identificar alguns padrões, não sendo claro que fatores podem estar a influenciar estes mesmos padrões. Por esse motivo, “é urgente perceber o problema para poder definir estratégicas específicas de atuação”.

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