Jornal Médico - Estudo do ISUP indica que vacinas antialérgicas podem diminuir o risco de asma em crianças

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que a imunoterapia, também conhecida como vacina antialérgica, pode prevenir a progressão da doença alérgica e diminuir em 25% o risco de as crianças desenvolverem asma. De acordo com André Moreira, coordenador do estudo e investigador do ISPUP, o estudo publicado na revista científica Allergy pretende avaliar se as vacinas antialérgicas eram eficazes na prevenção do desenvolvimento de asma em indivíduos com sensibilidade a alergénios presentes no ar, como o pólen e os ácaros. "Até agora havia uma questão importante que era perceber se as vacinas antialérgicas servem apenas para tratar ou não” e “no caso da doença alérgica, não temos nenhum fármaco ou intervenção conhecida, até agora, que pudesse mudar a história natural da doença", acrescenta. Para avaliarem a eficácia das vacinas, os investigadores realizaram uma meta-análise de 18 estudos, previamente publicados, que somavam uma população de 325.826 pessoas avaliadas. "Este trabalho é o primeiro e único que demonstra que o uso das vacinas antialérgicas consegue reduzir em 25% o risco de desenvolver asma", disse André Moreira, salientando que a investigação mostra ser possível "mudar a história natural da doença". O investigador acrescenta ainda que "a diminuição global de risco é de 25%, mas se se estiver a falar de uma criança, a diminuição pode chegar aos 30%", salientando que são três os fatores preditivos de maior sucesso na redução do risco de desenvolver asma. Um deles prende-se com a idade da criança, tendo em conta que crianças entre os 5 e 12 anos têm maior oportunidade de reeducar o sistema imune, o outro prende-se com a duração do tratamento, que deverá ser de, pelo menos, três anos e, por fim, ser sensível apenas a um alergénio, também é um fator importante. André Moreira acrescentou ainda que a investigação solidifica a hipótese de uma "solução terapêutica a longo prazo para as alergias e para a asma", potenciando assim a prevenção da doença alérgica. "A estratégia é a prevenção primária e secundária e não esperar que as coisas aconteçam", refere, salientando que nos países nórdicos a perceção para este problema começou há cerca de 30 anos, no Reino Unido há 20 e que Portugal "está a seguir esse caminho". A investigação intitulada de “Allergen immunotherapy for asthma prevention: A systematic review and meta-analysis of randomized and non-randomized controlled studies”, tem como primeira autora Mariana Farraia, investigadora no laboratório de epidemiologia das doenças alérgicas do laboratório associado para a investigação populacional translacional e integrativa (ITR), coordenado pelo ISPUP.

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