2014 ficará assinalado como um marco na história da colaboração entre a Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e a European Society for Medical Oncology (ESMO). Este ano, pela primeira vez, será formalizado um compromisso de reciprocidade entre as sociedades.
A assinatura do acordo terá lugar no 13º Congresso Nacional de Oncologia, em Novembro. O representante da ESMO em Portugal, o Dr. Paulo Cortes, revela as iniciativas comuns e colaborativas entre a SPO e a ESMO.
Representante nacional de Portugal na European Society for Medical Oncology há 3 anos, o Dr. Paulo Cortes está a iniciar agora o seu segundo e último mandato no exercício das suas funções de ligação entre a oncologia portuguesa e a organização europeia da especialidade. Uma função que tem como objectivo levar até junto da ESMO as circunstâncias e as necessidades do país nesta área da medicina, assim como estabelecer uma ponte de comunicação das próprias iniciativas e notícias veiculadas pela ESMO "trazer e integrar a realidade do nosso país para o seio da ESMO e devolver o contributo da ESMO de volta ao respectivo país, numa partilha que promova o desenvolvimento da oncologia", explica o oncologista português.
Este ano, o Dr. Paulo Cortes faz, igualmente, parte do steering committee da comissão dos representantes nacionais da ESMO. A integração de um membro português nesta estrutura recente da sociedade europeia – um grupo seleccionado de membros que define a estratégia do conjunto maior de representantes nacionais – tem as suas mais-valias para Portugal, porque "conseguimos ter mais influência junto da parte executiva" afirma o Dr. Paulo Cortes, na medida em que "temos ligações directas com a administração executiva da ESMO".
Nos últimos anos, foi evidente a política de aproximação da ESMO às sociedades nacionais, o que se repercutiu no relacionamento estabelecido entre a ESMO e a SPO. Uma aproximação que este ano alcança um novo nível. Como recorda o Dr. Paulo Cortes "desde há dois anos que tem sido efectuado um trabalho de fundo e uma maior aproximação à Sociedade Portuguesa de Oncologia, enquanto representante de um número significativo de oncologistas em Portugal. Este tem sido um trabalho continuado, progressivo" que no 13º Congresso Nacional de Oncologia, organizado pela Sociedade Portuguesa de Oncologia, vai ser culminado com a assinatura de um acordo de reciprocidade formal.
ESMO empenhada na relação com SPO
Se em congressos nacionais anteriores "o patrocínio científico da ESMO já acontecia", pela primeira vez no evento português "a ESMO vai estar presente com dois membros do Board. Terá lugar uma sessão plenária conjunta SPO-ESMO, onde vai participar o Prof. Peter Boyle, um especialista com grande influência. Aqui se vê o empenho que a ESMO está a colocar na nossa relação", sublinha o representante nacional.
Mas as novidades não se ficam por aqui. Em termos práticos, o acordo que se vai estabelecer trará benefícios ao nível das anuidades, ou seja "quem for sócio da SPO passa a ter uma redução da quota da ESMO, mas é muito mais do que isso. Vamos passar a ter visibilidade no site da ESMO, com um link directo para a nossa Sociedade e a publicitação dos nossos eventos. Da mesma forma, no site da SPO, vamos ter também um link para o site da ESMO. É um acordo escrito, que vai ser formalizado pelas partes, no congresso. E vai permitir, no futuro próximo, desenvolver projectos em conjunto", sublinha o Dr. Paulo Cortes.
Participação nas políticas da Europa
Entre o top 10 dos países europeus com maior número de membros, Portugal e os oncologistas, em particular, revelam um grande interesse nas políticas e decisões ao nível da saúde na Europa. Tendo em conta que "há muitas questões transversais que nos preocupam e que são discutidas no seio da ESMO" explica o Dr. Paulo Cortes.
Uma das questões determinantes que "vai ser discutida na sessão plenária (do Congresso Nacional de Oncologia) tem a ver com a questão da desigualdade de acesso a novos medicamentos e inovações terapêuticas mas há muito mais que estamos a fazer, nomeadamente em termos de controlo de qualidade e na determinação de requisitos mínimos de formação", acrescenta o oncologista enunciando ainda que "há uma nova regulamentação de ensaios clínicos que foi aprovada em Bruxelas, há também a regulamentação do consentimento informado que está a ser trabalhada neste momento pela União Europeia e pelo Parlamento Europeu e onde devemos ter uma voz activa. Temos ao nível político um papel importante a desempenhar e somos cada vez mais ouvidos", destacando o direito e o dever dos portugueses de se manifestarem nas questões da Europa.
ESMO convida jovens oncologistas portugueses
A necessidade de motivar e formar as novas gerações de oncologistas é também uma questão no centro das atenções da própria ESMO, que não deixará de parte os jovens oncologistas portugueses.
Como avança o Dr. Paulo Cortes, há trabalho a ser feito no que diz respeito a facilitar a "integração dos jovens na rede europeia", o que que lhes "proporciona nomeadamente bolsas e visitas de estudo" explica o delegado nacional, salientando que "nesse sentido estamos a dar os primeiros passos". Foram convidados pela ESMO três jovens oncologistas portugueses indicados pelo representante português à Comissão, para serem integrados no grupo ESMO Young Oncologists, onde Portugal ainda não tinha participação formal activa. Os jovens médicos foram convidados para participar numa reunião de trabalho que teve lugar no dia 27 de Setembro, durante o ESMO 2014.
"São jovens promissores que vão desempenhar um papel muito importante, ao tentar desenvolver, em Portugal, uma estrutura de jovens oncologistas que se integre nesta rede Europeia", afirma o Dr. Paulo Cortes, sublinhando a importância de envolver os novos valores da Oncologia portuguesa "numa estrutura que lhes permita, partilhar os seus problemas e objectivos e desenvolver projectos de investigação". Uma realidade preponderante para o acompanhamento da evolução da Oncologia.
"A Oncologia é uma especialidade relativamente recente e, felizmente, tem atraído pessoas com enorme valor e capacidade de entrega, dinamismo e inteligência. É uma especialidade difícil e muito stressante, mas que proporciona enormes recompensas ao nível humano e intelectual. Estamos na linha da frente da investigação e em termos do desenvolvimento. Estamos a abrir caminhos".
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