Os autarcas do Médio Tejo manifestaram ontem apreensão pela intenção do Governo de constituir o Grupo Hospitalar do Ribatejo, através da junção dos três hospitais do Centro Hospitalar do Médio Tejo com o hospital de Santarém.
A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) reuniu o seu Conselho Intermunicipal extraordinariamente para analisar a intenção do Governo de constituir o Grupo Hospitalar do Ribatejo, transmitida na sexta-feira em audiência solicitada pela tutela.
Segundo afirmou à Lusa o secretário executivo da CIMT, os autarcas "estão apreensivos relativamente ao modo como o processo está a ser conduzido, bem como às consequências para as populações dos territórios abrangidos".
Miguel Pombeiro disse ainda que a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo vai "solicitar formalmente o acesso aos estudos" contratados pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e que estão na base da proposta apresentada, para conhecer as implicações reais para as populações envolvidas.
"Uma mudança com o alcance e implicações da criação do Grupo Hospitalar do Ribatejo não deve ser feita à pressa e sob a pressão da proximidade das eleições legislativas", defendeu, tendo afirmado ainda que os autarcas "temem pelas implicações clínicas” que esta mudança acarretará.
"A dispersão ainda maior das especialidades só fragiliza ainda mais o Serviço Nacional de Saúde no nosso território. A criação do Grupo Hospitalar do Ribatejo afasta potencialmente o centro de decisão na área da saúde relativamente ao nosso território, repetindo o efeito que a reforma da justiça implicou para o Médio Tejo, afastando as populações de um serviço público essencial”, vincou.
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto da Saúde Fernando Leal da Costa disse que a criação de um Grupo Hospitalar no distrito de Santarém, envolvendo os hospitais de Abrantes, Tomar, Torres Novas e Santarém, "não desvirtua a existência dos hospitais e dos centros hospitalares, como eles são".
A “mais-valia", destacou, "é a criação de sinergias e o aumento do valor de escala para a aquisição de equipamentos e de medicamentos, e a partilha de algum pessoal, entre hospitais".
O governante disse ainda à Lusa estar "convicto da bondade do projecto", tendo afirmado que o Grupo Hospitalar, "só será constituído se for benéfico para todas as partes".
"É natural a desconfiança de alguns autarcas mas compete-nos demonstrar, em conjunto com os conselhos de administração dos hospitais envolvidos, que há uma mais-valia para as populações e que o projecto só tem significado se as autarquias estiverem dispostas a aceitar esta solução como boa", frisou.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, Manuel Soares, disse que a associação está "peremptoriamente contra" a intenção do Governo de criar um Grupo Hospitalar no distrito de Santarém.
"Esta grande ideia tem uma agenda política escondida, que é a da centralização e redução de serviços nas unidades hospitalares envolvidas, agravando as já de si difíceis condições de acesso aos cuidados públicos de saúde", afirmou.
Por favor faça login ou registe-se para aceder a este conteúdo
Qual é a relação entre medicina e arte? Serão universos totalmente distintos? Poderá uma obra de arte ter um efeito “terapêutico”?