O Centro de Tratamento de Tumores Oculares do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), acabou com as deslocações dos doentes ao estrangeiro. Aquele organismo foi criado há três anos, no seguimento da fusão dos hospitais da cidade.
"Ganhámos em experiência, mas fundamentalmente ganhou o país porque, em determinadas áreas, praticamente ninguém vai ao estrangeiro fazer tratamento de melanoma ou de retinoblastoma (tumor de crianças jovens)", disse à Agência Lusa o diretor da unidade, Joaquim Murta.
Desde a criação do centro já foram realizados 53 tratamentos de melanomas oculares e 10 de retinoblastomas, o qual só teve início em 2015, além do respetivo acompanhamento dos doentes, que passaram a evitar dispendiosas deslocações à Suíça ou a Inglaterra, onde habitualmente se tratavam estas patologias.
"Havia muitos doentes que estavam a ser seguidos lá fora e não há necessidade disso, desde que nós saibamos o ponto de situação de tratamento do doente", frisou Joaquim Murta acrescentando que só se realizam deslocações ao estrangeiro particulares, “porque a Direção Geral de Saúde não autoriza ninguém a fazê-lo, a não ser quando o tumor está muito próximo do nervo ótico e é preciso recorrer ao acelerador de protões, que não há em Portugal". A aquisição deste equipamento multidisciplinar - um centro de acelerador de protões - seria um desafio para o setor, “transversal a toda a oncologia”, afirma Joaquim Murta.
O responsável do Centro de Tratamento de Tumores Oculares do CHUC lamentou, no entanto, que ainda não tenha existido compensação financeira, desde 2013, para os profissionais de saúde da unidade, que apresentam "disponibilidade total".
“Temos todas as condições para dar resposta, com os meios e equipas montadas e experientes", garantiu o especialista, que destacou ainda as parcerias de colaboração técnica e científica com universidades europeias, americanas e canadianas, que permitem uma "discussão antes de se realizarem tratamentos mais discutíveis".
O Centro de Tratamento de Tumores do CHUC foi considerado o único centro de referência onco-oftalmológica português. “Enviámos médicos para os melhores centros do mundo para aprenderem e treinarem na área da oncologia do adulto e da pediátrica e hoje, felizmente, passados três anos, podemos dizer que temos o nosso dever cumprido e resolvemos o problema do país", declarou o presidente do conselho de administração do CHUC.
Em declarações à agência Lusa, Martins Nunes, do Conselho da Administração, frisou que o Serviço Nacional de Saúde "tem hoje uma capacidade e uma qualidade extraordinárias que, nestas áreas, se comparam com resultados dos centros mais avançados do mundo".
"O tratamento destes doentes fez-nos ganhar escala e nós vamos criar no país a primeira unidade de tratamento de melanoma conjunto, dos vários serviços e várias especialidades, a concentrar numa unidade multidisciplinar", revelou Martins Nunes. O objetivo, referiu, passa por "tratar os doentes em todas as áreas, de maneira a que se possa ter grande qualidade, sobretudo na terapêutica inovadora, porque só é possível poupar se a unidade estiver concentrada".
Martins Nunes adiantou que gostaria de ter a unidade implementada a 15 de setembro, data em que é comemorado o Dia do Serviço Nacional de Saúde.
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