Jornal Médico - Porque trato os meus doentes com dor crónica intensa com tapentadol: a minha experiência clínica!

Há mais de 20 anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu mais atenção no controlo da dor em doentes com dor crónica, quer fosse oncológica, enxaquosa ou de doença osteomuscular, entre outras.1 Em Portugal, a dor crónica afeta três em cada 10 doentes nos Cuidados de Saúde Primários, originando sofrimento do doente e da família, além dos custos monetários, sociais e humanos.2,3 A dor crónica arrasta consigo outras doenças como as doenças psiquiátricas, neurológicas, ortopédicas, etc.2,3 Para tratar este problema social e humano da dor crónica temos de usar várias classes terapêuticas como os analgésicos, mio relaxantes, antiepiléticos e antidepressivos, entre outros, quer se trate da dor nocicetiva ou neuropática. Hoje em dia, com o envelhecimento da população, o médico de Medicina Geral e Familiar trata inúmeros tipo de dor, sendo a lombalgia o tipo de dor mais prevalente. A melhoria da qualidade de vida e a recuperação funcional devem ser os principais objetivos do tratamento4. Entre as diferentes opções terapêuticas, o tapentadol é um analgésico opioide atípico que combina, sinergicamente, dois mecanismos de ação (agonismo do recetor opioide μ e inibição da recaptação da noradrenalina), tendo sido avaliado num extenso programa de desenvolvimento clínico, que suporta a sua utilização em doentes com dor crónica intensa.5 Os dados dos ensaios clínicos foram ainda confirmados por um estudo recente de Real World Evidence (RWE), que incluiu 4662 doentes, e que avaliou a efetividade, tolerabilidade e segurança do tapentadol em comparação com outros analgésicos opioides* no tratamento da lombalgia crónica. Neste estudo observou-se que o uso de analgésicos adjuvantes para a dor neuropática, como antidepressivos e antiepiléticos, foi consideravelmente reduzido nos doentes em tratamento com tapentadol, ao longo das 12 semanas de duração do estudo (antidepressivos de 34,4 para 11,8% dos doentes e antiepiléticos de 21,6 para 8,3%).6 O tratamento da componente neuropática da dor com tapentadol foi eficaz, pelo que esta pode ser considerada como uma opção adequada para o tratamento da lombalgia crónica, independente do mecanismo de dor subjacente.6 A minha experiência clínica com o tapentadol mostra-me que além de maior eficácia na dor, este fármaco também tem maior tolerabilidade gastrointestinal do que os outros opioides orais do degrau III da OMS. *Opioides orais de libertação prolongada do degrau III da OMS: morfina, hidromorfona, oxicodona ± naloxona. (1) Kumar, N. (2007). WHO normative guidelines on pain management. Geneva: World Health Organization, 3–4. (2) Breivik H, et al. Survey of chronic pain in Europe: prevalence, impact on daily life, and treatment. Eur J Pain Lond Engl. 2006;10(4):287–333. doi:10.1016/j.ejpain.2005.06.009 (3) Antunes, F., Pereira, R.M., Afonso, V. et al. Prevalence and Characteristics of Chronic Pain Among Patients in Portuguese Primary Care Units. Pain Ther 10, 1427–1437 (2021). https://doi.org/10.1007/s40122-021-00308-2 (4) . Hofmann JF, et al. Patient-relevant outcomes and health-related quality of life in patients with chronic, severe, noncancer pain treated with tapentadol prolonged release-using criteria of health technology assessment. J Opioid Manag. 2016;12(5):323–331. doi:10.5055/jom.2016.0349 (5) Baron, R. et al. Tapentadol Prolonged Release for Chronic Pain: A Review of Clinical Trials and 5 Years of Routine Clinical Practice Data. Pain practice : the official journal of World Institute of Pain, 17(5), 678–700. https://doi.org/10.1111/papr.12515; (6) Überall MA, et al. Tapentadol prolonged release in patients with chronic low back pain: real-world data from the German Pain eRegistry. Pain Manag. Epub 2021 Aug 11.

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